Passos
rápidos cortavam sobre os pingos da chuva. Fazia uma grande tempestade naquele
momento. Rebeca corria sem rumo. Apenas queria ficar longe. Longe de David. Dos
olhares da festa. Longe do que sentia.
Após
andar bastante, descansou fatigada encostando-se a uma árvore. Sua roupa toda
havia sido tomada pela água. Lágrimas teimavam em queimar-lhe o rosto. Respirou
fundo tomando fôlego. Era como se lhe faltasse o ar. Como David tinha podido
dizer aquelas palavras? A acusava veemente! Como se tivesse o direito de o
fazê-lo.
Avistou
uma enorme sombra aproximar-se. Quando a luz refletiu sobre a penumbra, pôde
ver David.
- Vai
embora! Eu já disse! – Ela ordenou. Mas por dentro, estava se defendendo.
-
Rebeca... – Ele adiantou-se até ela rapidamente. Colocou as mãos sobre o seu rosto
– Só me diz que não é verdade! – Implorou desesperado – Me diz!
Ela
tremeu com o toque tão intenso. Sentiu queimar-se, apesar das mãos dele estarem
geladas.
- Me diz
que não é verdade que você e o Pedro estavam juntos todo esse tempo! – Os olhos
dele mostraram sua aflição ao fixá-la até sua alma.
Rebeca
sentiu uma enorme fúria. Como ele podia sequer cogitar isso? Ela tinha o amado
como nunca, e ele a tinha recompensado apenas com dor.
- Como
tem coragem de me acusar depois do que fez? – Ela mostrou a face transtornada.
- ...
Não... Isso foi diferente... – David defendeu-se firme. Distanciou-se
relutante.
- Como? -
Aproximou-se encarando-o – Você me enganou! Me fez acreditar em todas as
mentiras que saíram dessa sua boca hipócrita! Nem sequer se importou com o que
eu sentia!
- Olha
aqui – Olhou a sério – Você não sabe os motivos que eu tive... – Parou no meio
da frase. Cerrou os pulsos em tom de impotência.
- Que
motivos? – Ela falou com raiva – Me deixar pra ficar com a Pâmela? E depois
inventar uma desculpa esfarrapada pra fugir com a consciência
limpa?... Você não passa de um covarde!
As
palavras de Rebeca calaram as dele de repente. Ela sabia muito bem o quanto
isso o ferira.
- E agora
o que achava?... Que voltaria de repente e eu cairia a seus pés? – Ela olhou-o
friamente – Pois fique sabendo que pouco me importa o que pensa de mim!... Quer
mesmo a verdade? Eu nunca te amei! Eu sempre fui apaixonada pelo Pedro! Você só
foi um erro que atravessou o meu caminho... Um erro que eu nunca mais pretendo
cometer! – Completou em um tom duro.
O
silêncio reinou entre eles. A forte chuva se intensificava, mas apesar de seus
enormes estrondos, nada era ouvido além de seus corações descompassados.
David
sentiu correr sobre a pele, o enorme ódio que emanava do corpo dela.
- Não
posso acreditar... – Disse ele como saindo de um transe – Que tudo que disse...
Cada palavra foi uma mentira! – Sua voz saiu com ira.
Rebeca
afastou-se sentindo sua aproximação. Ainda estremecia.
- Que não
tremia quando eu te tocava... – Ele continuou em misto de raiva e angústia. As
mãos dele correram pelo braço dela. Ela sentiu um intenso calafrio – Que não
perdia o fôlego só de me ter por perto...
A voz
dele saiu enevoada. Rebeca estava como hipnotizada por seus olhos verdes que
penetravam dentro dela.
- Já
chega... – Ela falou tentando escapar do que desejava.
Afastou-se
de seus braços. Porém, quando atravessava a rua neblinada pela chuva, uma força
a fez virar-se bruscamente. Apenas pôde ver aqueles olhos novamente, antes de
avançarem em sua boca.
Ele
puxou-a para mais perto pela cintura, pressionando seus lábios contra os dela
ferozmente. Sentia vontade de devorá-los. Rebeca pareceu esquecer-se de ter
qualquer pensamento ou reação lógica. Ao ter o gosto dele sobre ela. Seu
corpo quente a protegendo da chuva com seus braços. A boca ainda trêmula, sendo
consumida por lábios abrasados por um desejo incontrolável. A chuva caia
enevoando-os como um manto. As mãos dela teimavam em subir-lhes sobre o ombro,
quando recuou com força.
Como se
atrevia a beijá-la depois do que havia a acusado?
Rebeca,
então, em fúria, virou-lhe o rosto com um forte golpe.
- Nunca
mais... – Cerrou os olhos com rancor – Volte a tocar em mim outra
vez!
David
virou o rosto em chamas lentamente. Quando avistou os lados, ela já tinha
desaparecido entre a chuva. Levantou a face deixando as gotas caíram sobre o
lugar que ela batera. Nada. Nada poderia doer mais que suas palavras. Agora
sabia a verdade. Tinha ouvido dos seus próprios lábios. Continuou estático,
sendo banhado pelas águas furtivas.
Raquel
desesperada decidiu procurar por Rebeca, porém, Nicole chegou esbaforida outra
vez.
- O que
foi Nicole? Já sabem da Rebeca? – Perguntou Raquel preocupada.
- Não,
mas é pior!... Seus pais estão aqui! – Avisou alarmada.
Antes que
Raquel pudesse proferir qualquer palavra, seus pais entraram totalmente
surpresos pela casa lotada.
-
Raquel... – Sua mãe olhou-a séria – O que está acontecendo aqui? – Posicionou-se
colocando as mãos na cintura.
- Mãe? – Ela
tentou explicar-se – ... Vocês não iam voltar só amanhã?
- Não viu
a chuva? O voo foi cancelado! – Seu pai respondeu a fuzilando com o olhar – Mas
não tente mudar de assunto... Por que estava dando uma festa?
Raquel estremeceu, estava sem saída.
Li a introducao e gostei muita da novela!
ReplyDeleteDeu pra ver que vc manda muito bem na escrita!
abraço
Olá, ainda não li este capitulo pois pretendo iniciar pelo primeiro, mas li a introdução e adorei, a historia parece ser bem lega, e você pelo jeito escreve muito bem. Obrigado pela visita, ja estou seguindo.
ReplyDeleteBeijos
deliriumliterario.blogspot.com.br