Em uma sociedade em que as narrativas feministas encontram-se atualmente nos trendings do pensamento considerado "mainstream", ou seja, na moda, pode parecer absurdo ou mesmo loucura apontar para a necessidade de "desfemenizar os homens". Afinal, todos os problemas enfrentados pela história da humanidade até hoje são provenientes da masculinidade, traduzida em comportamentos violentos, guerras e opressão feminina, certo? Que segundo estas mesmas narrativas, não tratariam-se de atos individuais, mas consequências intrínsecas do gênero. Fica claro e evidente então que, se quisermos um futuro de paz e concordância, faz-se necessário a atenuação ou mesma extinção destas características tão perigosas. Mas de quem seria então essa voz discordante e alucinada? E ficaria surpreso de ouvir, que não se trata de alguém, mas de um filme de ação de 1993.
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Título Original: Demolition Man Ano: 1993 Diretor: Marco Brambilla |
O crime foi extinto, e agora as pessoas vivem em um ambiente de amor e compreensão. Os homens são sensíveis e pacíficos, sendo programados desde o nascimento, e o uso da força, até mesmo pelas forças policias, foi completamente banido, símbolo de uma época "pré-histórica" e já superada. É conhecido da retórica feminista a tese do "reprogramento dos homens": em busca de diminuir as tais "características indesejadas masculinas", são criados projetos e ensinos de gênero para as escolas visando desconstruir as noções do que significa ser homem ou mulher. As tão conhecidas diferenças entre os gêneros então são simplesmente negadas e qualquer aspecto que sequer denuncie-as é visto como um imperdoável desvio da conduta do "homem moderno".
Os rapazes crescem, portanto, acreditando que todas as intenções e ações inerentes a ele constituem-se em um crime perante a sociedade e desse modo, devem ser banidas. A vontade de proteger, natural aos homens, traduzindo-se em repressão e inferiorizamento. O pensamento prático e racional, traço de insensibilidade desumana. O ciúmes, dominação. Tomar decisões, liderar, combater a violência com a força, e assim por diante fazem parte do considerado "macho opressor". Diante disso então, reprimem seus pensamentos e atos com o medo aterrorizante de serem considerados "machistas". Motivo pelo qual nunca houve uma crise de identidade e autoestima tão grande nos homens!
Mas alguns podem apontar que está sociedade não parece tão ruim e que afinal, destituir o ego masculino é um preço pequeno a pagar diante do alcance da paz e compreensão em uma nação. Quais seriam então as consequências do desmoronamento total da masculinidade sobre a humanidade? E é aí que encontra-se o apelo central da narrativa, encarnado pelo vilão Simon Phoenix. Assassino cruel, ele se recusa a obedecer às ordens daquela sociedade de amor e harmonia e começa a espalhar o terror e o caos perante o qual a mesma vê-se incapaz de reagir. Pois a verdade, embora muitos não a queiram admitir, é que uma humanidade de completo entendimento e concordância mutua só pode existir em um único plano: sobre a não existência do mal.
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