Oláá meus weblovers queridos, como estão indo? Como havia
dito na crítica passada, é incrível a quantidade de sugestões de webs que venho
recebendo, o que agradeço de coração. Mas, se tem algo ao qual não posso medir
minha honra é quando o próprio autor me pede para analisar sua obra, pois isso
não só demonstra uma confiança enorme no que tenho feito aqui, como me dá esperança
de ainda existir seres humanos civilizados e dispostos a aprender. É claro que
isso não diminui em absoluto minha via criteriosa, pode até aumentá-la, porque
alguém que está disposto a pôr sua obra a prova não pode ser qualquer um. Mas,
se tem uma coisa que não costumo colocar em xeque é a minha intuição.
![]() |
Autor(a): Luciane Leitão Ano:2018 |
E se você é daqueles que não acredita em sentidos maiores,
não se preocupe, apenas basta que leia os primeiros capítulos para perceber o
que estou falando. A agilidade e ritmo com que a história nos apresenta o drama
de Iná, empregada que engravida do filho da patroa, é impressionante. As falas
são assertivas e práticas, construindo os conflitos precisos sem perder tempo
com pormenores desnecessários. Logo, nos encaminhamos para Mateus, menino que
perde o pai para um homem cruel, dono de um grande hospital. Acontece que se
trata do mesmo homem que adota Lívia, filha da primeira relação citada, mas que
por uma ação maléfica da mãe do rapaz, é dada como morta. Cria-se então o grande
conflito da obra: Mateus buscará vingança contra o assassino de seu pai através
de Lívia.
E muitos podem apontar para o fato de já terem visto este
formato diversas vezes. Vamos ver: ele irá odiá-la no início, mas logo encantar-se-á
aos poucos, apaixonando-se logo depois, desistirá da vingança, aí então ela vai
descobrir tudo, mas no fim vai perdoá-lo, certo? (Opa, adoroo). Mas é aí que
encontra-se a grande ousadia da autora, quando ela transforma o mocinho vingativo,
em um verdadeiro anti-herói, em sua tentativa desenfreada, que utiliza-se de
qualquer meio, para afastar os pais verdadeiros da garota. Assim, mantendo o
personagem fiel à sua proposta inicial, ela quebra o padrão comumente esperado,
demonstrando sua tremenda originalidade e confiança no que quer com a história.
E posso dizer sem medo de errar, que é em Mateus que concentra-se
o grande carisma desta história. Pois é sua ambiguidade, que divide-se em suas
raízes simples e bons princípios e seu desejo desenfreado por vingança, que
adicionam a tensão e incerteza a narrativa, trazendo emoção para a web e
conquistando o afeto e coração do leitor. Principalmente, quando obtém seu climáx
no capítulo “auto sacrifício”, que leva o personagem até suas últimas consequências
ao ter que escolher entre salvar seu filho ou sua própria vida. Em nenhum
momento a escritora deixa de levar em conta suas características psicológicas, atribuindo
sua mudança de atitude a um evento trágico em sua vida e sendo coerente em seus
sentimentos junto a Lívia, não apostando em um romance sem construção. Com certeza,
um dos melhores protagonistas já vistos e bem desenvolvido.
Infelizmente, porém, não posso dizer o mesmo dos outros envolvidos
na história, que repartem-se entre aqueles sem desenvolvimento ou carisma junto
ao público. Lívia, a grande mocinha da história, demonstra-se, na maioria das vezes,
apática e sem vida, tirássemos sua relação com Mateus, e ela não surtiria
sequer uma ruga de preocupação. E todos os outros consecutivamente, falham em
demonstrar características suficientes para chamar a atenção do público, pois
possuem personalidades muito rasas para causar este efeito. Poderíamos salvar,
talvez, Vera e a vilã Bárbara, no entanto, a primeira consegue seu brilho
apenas no fim da novela, enquanto que a última perde-se muitas vezes em
diálogos estereotipados demais, o que surte a impressão de superficialidade.
A narração soa infantil quase que todo o tempo, descrevendo
a cena que irá passar logo antes de ela acontecer ou explicando algo para o
leitor que ele já havia entendido vários capítulos atrás. Me senti meio como
uma garota na escolinha dominical. O que me leva a apontar para o tom “sermão
das montanhas” de muitas cenas, em que, a sutilidade em aprensetar a mensagem
da novela passou longe. Há que se destacar também os diálogos tolos e sem propósito,
saltando de repente em meio as discussões entre os personagens. Como quando
Barbara e Mateus estão discutindo em tom de ameaça e do nada falam de maionese
(???). E não são raras as ocasiões. Isso é o típico caso quando o autor mira no
humor, mas acerta mesmo é na quebra da tensão.
Mas nada disso, é claro, consegue atrapalhar o andamento do
enredo. Não. Pois o que atrapalhou mesmo, eu não chamaria de quebra, pois está
mais para um engarrafamento! Que foi o que aconteceu com o desenrolar desta
novela. O começo estava promissor, demonstrando o incrível talento da autora em
linkar as situações e personagens na história causando coincidências em um
entrelaçar impressionante de acontecimentos, mas logo ela perde o foco em uma
subtrama que cria um pequeno conflito, porém, não se desenvolve mais ou oferece
qualquer solução, o que apenas causou uma imensa enrolação no conflito central.
Sem falar nas intermináveis cenas dos personagens, um por um, discutindo sobre
o que tinha acabado de acontecer na trama. Não há dúvidas que poderíamos ter
tido um texto bem menor e mais objetivo.
Mas é óbvio que o seu final grandioso, juntando todos os confrontos
e os levando a sua resolução, e dando ao leitor o esperado final do querido
protagonista, conseguem salvar com maestria essa linda novela. Linda sim. Pois,
com sem tom visceral e verdadeiro, sua mensagem salta aos poros de cada ação e
personagem. A mensagem do sacrifício, de doar-se ao que acredita ou a quem se
ama, levada a sua extrema encarnação, em sua última cena, em um ato
extraordinário de amor. Elevada demais para o padrão do que temos visto hoje em
dia em que, o que é exaltado são pessoas de caráter cruel, estereotipado e escandaloso.

________________________
- Notas
1. Essa coluna está protegida pela lei nº 9.610/1998, Art. 46 III, que protege a utilização de qualquer obra ou trechos dela, em qualquer mídia ou meio de comunicação para fins de crítica, estudo, ou polêmica.
2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.
• Direito de Imagem (Rating)
Designed by starline / Freepik
• Direito de Imagem (Rating)
Designed by starline / Freepik
0 comentários