Erika G.

E Oh, boy, o que eu fiz?? “Tell me why” senhor!

Isso porque, o que presenciei está entre as coisas mais grotescas já vistas nesta coluna! Uma história tão inócua, maçante e ridícula que faz “Herói Nacional” parecer tesouro histórico! “Érika, sobre o que se trata?”. E aí é que está, eu não consigo nem descrever a sinopse aqui, pois a verdade é que não faço a MENOR ideia do que essa história conta!

Somos introduzidos a Renam, que, nesta noite, decide sair sem a namorada, e, introduzidos, é modo dizer, já que, os personagens nesta trama jamais são introduzidos para público! Não há qualquer traço característico, background, ou sequer aspecto de personalidade neles, fazendo com que todos pareçam mortalmente iguais... igualmente desinteressantes! Logo, ficamos sabemos o motivo da recusa, acontece que Renam é homossexual. Sim, e seus pais não sabem. Você pode imaginar os conflitos que virão disso, não é mesmo? Porém, como a Myley Cyrus em cima da bola de granito, deixe-me quebrar suas expectativas, caro leitor, quando digo que nunca, NADA acontece nesta obra!

Nós temos até um vilão, Flávio, um homofóbico agressivo e irracional que persegue gays, no entanto, ele nunca faz nada de fato, e quando ocasionalmente o faz, é logo detido, não mostrando em nenhuma vez uma verdadeira oposição aos personagens, que passam quase toda a narrativa apenas dialogando sobre seus desejos e intenções incessantemente, sem nunca fazerem nada de fato, mas apenas repetindo as mesmas coisas de novo e de novo! Eles nunca se desenvolvem ou aprendem nada, ficando sempre no mesmo estado e terminando por deixar o leitor, confuso e completamente entediado!

As falas e comportamento dos envolvidos também não poderiam ser mais infantis. Olhem esses diálogos por exemplo: A... vá! Eles pareciam mais estar narrando os acontecimentos do que propriamente os vivendo! E veja essa discussão entre Flávio e seu melhor amigo Jonas que há anos perseguiam homossexuais juntos, que a invés de ser tensa e emocionante, acabou por se transformar numa das mais hilárias e absurda que já vi! Toda a web após, se transforma em somente uma série de conflitos tolos e absurdos um trás do outro, sem qualquer propósito e protagonizados por personas, cujo a audiência não poderia estar menos interessada! E isso aconteceu pelo mesmo motivo do porquê Herói nacional falhou terrivelmente... O amor à mensagem!
Muitas vezes, o autor está tão fanático pela ideia que quer passar com a trama que se esquece completamente de escrever uma narrativa. Vejamos, Renam é homossexual e sofre com a oposição dos pais, no entanto, tão logo ele decide viver com Luciano, seus pais o aceitam sem qualquer explicação. Roberta deseja mudar de sexo, pois não se sente como mulher, tudo bem, mas o que acontece? Ela muda. Simples assim. Sem falar de Maira e Joyce que, além de serem xingadas uma vez por um cara, não adicionam mais nada a trama, e depois, vivem felizes, sendo completamente deixadas de lado. Podem perceber? Onde está a história? O conflito? O protagonista? O vilão? A progressão de um personagem? O clímax? Não há nada! Apenas diálogos e mais diálogos dos personagens afirmando suas sexualidades e suas angustias perante a sociedade. O que nos leva a concluir que isso não se trata de uma história, mas um grande textão de Facebook! Ah, então você está dizendo que não podemos ter ideias a passar com nossas novelas Érika? É claro que não, a única coisa que estou dizendo é que a ideia NUNCA, escutem, NUNCA deve ser mais importante do que o enredo. Vejam a série “Glee”, por exemplo, ela era repleta de mensagens sobre sexualidade, gênero, religião, mas ela sempre buscou priorizar os sentimentos dos personagens e seus aprendizados, que sempre serão mais importantes para o expectador do que suas sexualidades ou filosofias.

Autores, entendam. Não há qualquer problema em expôr suas opiniões e demandas, quão histéricas e tolas elas sejam. Mas há lugares específicos para isso, e a literatura, não foi e nunca será esse lugar, por isso, a não ser que você tenha uma boa história, que emocione, prenda e encante, não gaste o tempo dos leitores que querem uma boa obra, com suas reclamações narcisistas. O verdadeiro escritor nunca usa sua história como plataforma política ou ideológica, pelo contrário, muitas vezes, ele sacrifica seus ideias pessoais pelo bem da mesma. Ao fim, não há nota, pois nada houve, apenas a hipocrisia de alguém que, afirmando descrever todas as cores, entregou somente uma, cinza e opaca.