Oláá meus weblovers, como vão vocês, tudo na paz do Grande espírito? É, eu sei que “paz” está se tornando meio que algo raro ultimamente; já repararam como as pessoas andam em pânico? Sim, tem lá o corona vírus, mas vocês se lembram da gripe aviária, gripe espanhola, peste negra? E é engraçado como essas doenças são esquecidas da mesma forma como se tornam histerias; você vê alguém hoje preocupado com a gripe suína? Mas ela foi uma verdadeira pandemia em 2009! É quase como em um desfile de moda... “Hum, essa já não é tendência, qual será a grande epidemia para o próximo ano?”.
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Autor(a): Michelli Castelli Ano: 2016 |
Mas se vocês são daqueles hipocondríacos sugiro então que coloquem as máscaras, pois hoje iremos viajar a um tempo em que muitas vacinas sequer existiam!
Estamos em 1889, Estados unidos, nas tribos dos cheyennes. Povo indígena e pacífico que vive organizadamente, seguindo seus costumes e valores. Porém, sua paz está sendo ameaçada pelos ataques do homem branco, que assolam suas tribos, assassinando seus irmãos. Porém, existe uma profecia, de que um dia alguém do povo inimigo, virá para salvá-los desta terrível ameaça. Um dia então, eis que vindo das grandes luzes no céus, surge nossa protagonista, Samanta; brasileira e do ano de 2016.
Sim, se trata de uma viagem no tempo! A história já consegue chamar a atenção pelo tema interessantíssimo, sem falar no cenário, bastante inusual. E aqui vai o primeiro ponto positivo na história, sua ambientação. Em se tratando de algo de época e, principalmente de um povo pouco conhecido pelos brasileiros, o que se esperaria era uma enxurrada de informações a “lá wikipedia” sendo jogada exaustivamente sobre nós, no entanto, a escritora é sábia em apresentar os costumes e realidade da tribo com bastante naturalidade e clareza, e principalmente, no tempo certo, usando para isso o olhar simples da protagonista.
Mas então nos deparamos com o primeiro problema da trama. Quando, seus personagens, embora carismáticos, principalmente o quarteto protagonista, falha em mostrar mais nuances que os tornem marcantes junto ao público. Todos os outros nativos, com exceção de “olhos brancos”, caem no estereótipo do índio comum e pouco adicionam á trama. Mas sem dúvida, o maior problema está em nossa mocinha líder.
Samanta foi feita para ser aquela mulher forte, que ainda não sabe seu poder. Porém, talvez devida a uma imaturidade de escrita, ela ganha instabilidades tão grandes que torna dificílimo torcer por ela ou até mesmo entendê-la. Ela reage a coisas completamente sobrenaturais da forma mais natural possível, não demonstra qualquer conflito interno por estar longe de seu mundo, pelo contrário, aceita bem depressa, sem falar na absurdidade de, mesmo nos momentos mais sérios conseguir pensar nas maiores futilidades, como o abdômen de Rainnan por exemplo. Acreditem se quiser, ela chega ao ponto de fazer UMA PIADA no momento em que estava prestes a perder um filho!
O enredo possui boas cenas, destaque para o resgate de Rainnan, em que se mesclam a criação de lações de amizade, o desenvolvimento do casal principal, a entrada de personagens carismáticos, como puma pequena que, verdadeiramente rouba a cena do primeiro couple, e a afirmação do poder da protagonista, tudo isso em uma sequência de humor, suspense, ação e romance. Destaque para a cena da fuga, realmente eletrizante.
No entanto, logo após, a trama simplesmente estagna, o que acontece em vários pontos, pois o enredo falha em mostrar-se focado. Temos o destino da protagonista sim, que dá uma certa direção a tudo, porém, a autora perde-se quando tenta desenvolver o romance principal: ela cria uma desculpa para a não realização sexual dos dois, sendo este o único problema que os impede, mas que depois, é facilmente desfeita, mostrando de forma clara, apenas uma tentativa de segurar a audiência.
Mas isso aconteceu não por uma falta de rumo somente, mas pelo destino da protagonista não ser o tema principal da trama. Como em muitas histórias “romance hot” que encontramos, o casal e seus, digamos, “impedimentos até o prazer” são a primazia para os autores, que apenas utilizam-se de cenários ou situações exóticas, para desenvolverem as “pirotecnias sexuais” de seus protagonistas.
E isso pode ser facilmente verificável, pela fraqueza da chamada “profecia da protagonista”, que mesmo explicando-se e fazendo todo tipo de ginastica mental não consegue convencer o leitor de que a viagem no tempo de Samanta era realmente necessária para a tribo. Ela não possuía qualquer habilidade especial, ou inteligência ou qualquer característica que a diferenciasse, a não ser uma descendência distante com os cheyennes. Todo o seu poder é dado pelos espíritos, que a ajudam por ela ser “a escolhida”, sem ter uma razão, é claro, e na batalha final, ela não somente é quase inútil como é de fato a razão da batalha ter acontecido!
Assim, temos uma protagonista que não convence de forma alguma e uma história que embora bem ambientada não sabe a que veio. Não quero fazer parecer que tudo se trata de um cenário tribal para um pornô soft, a autora tem talento e é isso que salvou esta história de ter caído no cunho puramente sexual, mas não podemos negar que tudo o que fez desta história única e incrível não passou de um segundo plano!
O humor é mal sucedido, usando-se das mesmas táticas a exaustão. (Insira uma referência a atualidade aqui, outra gíria ali), chega a ser irritante; os diálogos são básicos e a escrita decente.
Ao fim, o maior pecado de “Pele Vermelha” é sua pretensão. Ela busca se enfeitar de história épica cheia de significado, quando no fundo, é somente um romance com cenas quentes; como um bolo que queimou, mas é coberto de chantili e decorado com morangos. O que salva, no final, é o talento da escritora, para tentar outra vez.

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- Notas
1. Essa coluna está protegida pela lei nº 9.610/1998, Art. 46 III, que protege a utilização de qualquer obra ou trechos dela, em qualquer mídia ou meio de comunicação para fins de crítica, estudo, ou polêmica.
2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.
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