Olá meus weblovers, tudo bem com vocês? E é claro que não precisam nem me perguntar. O FRIO VOLTOOOU!!! Sim gente, eu adoro frio! Tem época melhor? Sem falar que a inspiração aumenta muito mais nas temperaturas baixas. Sim, pois ficamos muito mais intimistas, e assim, mais conectados com nosso “mundo interior”, de onde saem personagens e histórias maravilhosas. Mas antes que alguns autores me entendam errado e comecem a querer colocar a cabeça no freezer, devo avisar que o clima pode até ajudar, porém, não irá fazer mágica. Muito mais em se tratando da web de hoje, ao qual nem sequer o iceberg do titanic daria jeito!
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Autor(a): Paulo Henrique Ano: 2017 |
E será que é justo? Afinal, podem dizer, a história tem uma linha condizente de acontecimentos, em outras palavras, nenhuma loucura visível, como o uso do instagram na década de 70 ou uma doida atropelando uma criança, e, após, parando para olhar as estrelas, os diálogos são decentes e a escrita é boa. Portanto, será que é motivo para isso Érika? Mas é aí que muitos podem enganar-se em relação a maneira como analiso as obras. Eu nunca avalio uma narrativa em comparação a outra, e sim, me detenho somente sobre o que a novela em questão quer passar e se ela atingiu esse objetivo. Deste modo, ela não ser “tão ruim quanto as outras”, evidentemente, não fará diferença alguma.
E qual foi o objetivo desta obra? E acredito, esteja aí o grande problema, eu não sei. Ela nos conta a saga de três mães: Dionísia, que sofre pra esconder seu passado de tráfico e prostituição, Isabel, uma mãe rígida e cruel e Helena que acaba de descobrir que o amor de sua vida não somente a enganou como raptou sua filha. Sim, teríamos uma boa mistura para proporcionar uma web forte e cheia de emoções, certo? Bem, acontece que o autor não faz nada com isso.
Primeiro, pela total falta de qualquer introdução ou caracterização dos personagens. Começamos a história sem qualquer conhecimento de quem são aquelas pessoas, suas personalidades ou ao menos um traço característico, pois a trama está mais interessada em jogar logo as ações e, de repente... EIS QUE A FILHA DE HELENA É RAPTADA! Sim, eu sei caro leitor, que você também não pode acreditar, mas segura a emoção, porque temo dizer que... JORDÂNIA NÃO PODERÁ FICAR COM BENÍCIO! “Benício?”. Sim, Benício, o amigo do noivo, aquele que acabamos de saber que ela tem, e que agora é nos revelado que ela sempre fora apaixonada! Já está em lágrimas???
Assim, a trama pede para que o leitor sinta-se emocionalmente afetado pelos dramas de personagens que sequer lhe foram apresentados. É como se o filme titanic se resumisse apenas na cena do jovem afundando no oceano congelado e a moça a chorar por ele. Não preciso nem dizer que ninguém sairia movido e o filme não seria o terço do que é hoje. Só funciona porque sabemos o que aquela morte significa para os dois, o amor que devotaram um pelo outro, os sonhos que deixaram. Ao invés, as personas nesta obra apresentam-se como verdadeiros robôs, sem rosto ou carisma, ali apenas para movimentar as ações. Não atoa, a única pela qual tivemos alguma afeição foi Maria Eduarda, devido a pequena inserção dada a seu sofrimento no começo do texto.
E será que não nos importarmos nenhum pouco com os envolvidos nesta história prejudicaria um enredo totalmente baseado nos sofrimentos dos mesmos? Se quiserem eu dou um tempo pra pensarem na resposta...
Portanto, eu poderia muito bem deixar minha crítica aqui e seria o bastante para falar dessa obra, mass, para propósitos de análise técnica, vamos fingir que temos os personagens mais carismáticos e o leitor não pode esperar para saber o que vai acontecer na história. Mas, infelizmente aqui, o cenário também não ficaria melhor. Isso devido ao enredo, arrastado e morno, porque, como dito acima, aposta inteiramente nas emoções dos personagens, a qual, vamos lembrar, não damos a mínima. Assim, só o que presenciamos são diálogos e mais diálogos de discussões e conflitos que se repetem a exaustão, mas nunca levando a lugar algum. Benício e Isabel sofrem a todo momento sob os insultos da mãe da garota, mas nunca fazem nada a respeito, e sim, esperam submissos até o ataque final da megera, tornando-os mais apáticos ainda para o público. Dionísia e Helena vão para o exterior para resgatar suas filhas, mas apenas resolvem fazer algo no final da novela, protagonizando diversos capítulos apenas com conversas tediosas sobre coisas que o leitor já está farto de saber.
Mas, talvez, eu tenha me precipitado ao falar em tédio, afinal, se tem algo ao qual não podemos atribuir qualquer estabilidade é a linha de intenções destas personas! Suas decisões não somente não despertam o interesse como não fazem qualquer sentido! Isabel, a grande vilã da novela, faz de tudo para ver a filha casada com Olavo, seu amante, ao mesmo tempo que, quando a filha foge de casa, mostra-se feliz, pois poderá ficar com o moço somente para ela. E me digam porque raios ela matou Dalila por ter atropelado sua filha, se no momento em que Jordânia é atingida ela sorri, e no final da história revela que nunca amou a mesma? E muitos podem dizer, “Ah, mas ela é louca. Loucos existem, não?”. Sim, existem, mas o que muitos ignoram, é que em se tratando de literatura, até a loucura deve ser explicada.
Vejam, a não ser que eu apresente a deterioração progressiva da mente do personagem e suas dualidades psicológicas afim de que o leitor entenda suas contradições, tudo o mais parecerá sem sentido. Ou seja, em todos os casos, é preciso que o leitor entenda o porque do personagem agir da forma como age, o que o motiva e se ele toma decisões que se contradizem, porque ele o faz. Vocês já assistiram algum filme em que o personagem principal é louco? “Cisne negro” por exemplo, só dá certo porque ele nos mostra o que acontece dentro da mente da personagem, e assim, conseguimos entender o motivo de sua “insanidade”. Lembrem-se autores, a loucura nunca pode ser uma desculpa para tomar decisões que serão mais fáceis pro seu enredo, pois, afinal de contas, a loucura, para quem a possui, é somente um modo diferente de pensar.
E agora Érika, que nota você irá dar para uma web que não conseguiu conquistar em nenhum dos quesitos necessários para prender o leitor, mas, que não chega aos pés do horror que foram muitas webs por aí? Eis meu desafio. Mas devo dizer, me sinto um pouco traída, pois, o autor desta obra escreveu outras duas tramas muito boas, a qual teci diversos elogios e de fato, esta foi anterior as mesmas. O que me faz pensar: Porque eu estaria criticando algo que fez parte de uma evolução que eu mesma já noticiei? O carisma que aqui falta? “Black model” esbanja de olhos fechados. Construção e personalidade de personagens? Deixe “Decisões: a regra da vida” o ensinar. Portanto, a única coisa que cabe noticiar após ler esta web é o evidente crescimento do autor.
Fiquemos, então, apenas com os meus elogios ao Paulo por sua evolução e desejo em aprender e minha ansiedade em ver suas próximas obras.
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