No último episódio, contei como foi o começo da minha embrenhada como escritora. E utilizo a palavra "embrenhada" com todas as letras, pois, como expliquei, nunca foi minha intenção utilizar a escrita para expressar minha imaginação. No entanto, como citei em um artigo anterior, sempre sabemos quando demonstramos algum princípio de talento para alguma coisa, um tipo de vantagem que parece que nem todo mundo ao seu lado tem. No meu caso, na segunda série, já escrevia redações de quatro páginas! Deixando a professora completamente boque aberta haha. Crucial para isso, acredito, foi meu grande hábito de ler, criado pela minha mãe. Adorava ir à biblioteca e me deliciar lendo vários livros de uma vez.
Porém, com o tempo fui me esquecendo disso e realmente cheguei a pensar que a narrativa devia ficar exclusivamente para a escola, me dedicando ao desenho. Fazia vários quadrinhos cheios de histórinhas. E não se enganem, os traços eram sofríveis kkkk. Hoje, faço razoavelmente bem, mas mesmo assim, nada se comparado a um exímio desenhista. No entanto, vendo ser impossível realizar minha primeira novela, "The Reason", em imagens, me propus a publicá-la na internet. Criei o blog, minha irmã fez o design. Estava animada e confiante. Até o momento que me pus em frente ao notebook pela primeira vez. E de repente, com aquela folha em branco me encarando, percebi: EU NÃO SABIA ESCREVER UMA HISTÓRIA!
Acontece que eu não tinha ideia de como construir uma narração, pois em quadrinhos você somente tem que desenhar o cenário, o personagem e adicionar a fala, certo? Mas quando se trata de uma trama é preciso criar ambientação, emoção, detalhes, e todas essas coisas que eu não fazia ideia! Resultado? Os primeiros capítulos ficaram um desastre! Claro que quando o escrevi achei que havia ficado um máximo. Já tiveram essa experiência? Você escreve algo totalmente inspirado, olha para tudo confiante e pensa até que nem Shakespeare escreveria obra tão magnífica! Vai dormir contente. E quando acorda, ao ler novamente, não consegue segurar a pergunta: Que M* eu estava pensando?? Pois é! Foi exatamente essa minha reação ao ler tempos depois!
Eu não incluía onde estava acontecendo a cena, volta e meia me esquecia de adicionar detalhes importantíssimos, e repetia muuuito as palavras! Sério, admiro a paciência de quem leu a versão antiga de "The Reason" porque me cansa só de olhar! kkkk. Sem falar, no quanto o texto todo soava infantil! Eram como se meus personagens fossem robôs. Eu não desenvolvia suas intenções, sentimentos, eles simplesmente faziam e diziam coisas e pouco me preocupava com desenvolvimento de personalidade (Afinal, o que era isso mesmo? kkk). E acabava que não conseguia atrair o carisma do leitor. Para se ter uma noção, nem as cores do blog eu sabia quais deviam ser. Geralmente se escolhe cores claras, para não cansar a visão, certo? Pois, eu, muito estilosa, meti logo um preto e vermelho com uma letra branca super clara! Meu Deus, aposto que ainda vão me prender culpada de ter levado um bando de gente ao oftalmologista!
Com o tempo, porém, e principalmente, quando perdi a referência dos capítulos que eu já havia desenhado, comecei a me desenvolver mais. Passei a perceber a importância de situar mais as emoções dos personagens e adicionei mais peso à eles. Também, busquei palavras diferentes e sinônimos, o que me ajudou muito a diversificar o texto. Foi nítido, depois, a diferença do começo para o final! O engraçado, é que quando iniciei a trama, eu tinha 15 anos e quando a terminei 18. E lendo a web você pode perceber o quanto ela vai ficando mais séria com o passar do tempo. Pois acompanhou minha mente que já estava amadurecendo.
No fim, pude ver que não só a escrita era o método mais produtivo de me expressar, como que eu tinha uma aptidão incrível para ela. Penso então, que era por isso que ao desenhar, sempre me enjoava em um momento. Mas da escrita eu nunca me canso. E tive que dizer a mim mesma que eu não havia nascido para os traços. Mas tinha nascido para as letras! Por isso sempre digo: devemos buscar crescer não naquilo que "queremos", mas naquilo que Deus já nos concedeu, com os dons que nos presenteou. Quando gastamos nossas energias com algo que não fomos chamados a fazer, damos em ponta de faca! Nos frustramos, ficamos à beira do caminho. Todavia, sempre que respondemos a evocação, encontramos coisas raras dentro de nós, únicas e preciosas.
Então é isso gente, fiquem ligadinhos para o próximo episódio! Beijoo e bye bye.
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- Notas
1. Essa coluna está protegida pela lei nº 9.610/1998, Art. 46 III, que protege a utilização de qualquer obra ou trechos dela, em qualquer mídia ou meio de comunicação para fins de crítica, estudo, ou polêmica.
2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.
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