Como vão meus weblovers? Gente, antes de
tudo quero saber uma coisa, vocês estão curtindo os artigos e críticas que
tenho trazido pra vocês durante todo este ano? (Simm, já faz todo esse tempo!).
Se sim, quero que saibam que tenho uma surpresa para vocês que logo, logo será
revelada e que tenho certeza de que vão adorar! Ah, e caso esteja se perguntando
o que eu diria se a resposta à pergunta acima fosse "não", não se
preocupem, sei que estariam mentindo! ;)
Pessoal, vocês já se pegaram lendo uma
história que até tinha uma ideia interessante e tudo mais, mas no fim, de
alguma forma sentiram que alguma coisa tinha faltado? A web tem tudo: personagens
com profundidade, um enredo que chama a atenção e é inteligente, porém, você simplesmente
sente que não consegue mergulhar nela de verdade, sentir as emoções dos
personagens, torcer por eles, enfim, ver-se naquele mundo. Medo, agonia, ou
qualquer outra sensação evocada no texto não surtem o efeito esperado. E você não
pode evitar o gosto de "superficial" nisso tudo, embora tenha gostado.
Já se sentiu assim? Eu já. E posso dizer, tirando algumas raríssimas exceções,
mesmo as obras que eu considerei ótimas aqui no artigo padecem desse mesmo
problema. Porque isso acontece afinal?
E isso é devido a ausência de algo
esquecido e renegado hoje em dia em quase todos os livros e novelas online: a
ambientação. Alguns podem estar pensando que estou falando de ambiente. Não,
meus caros, não quero dizer que você tenha que fazer aqueles discursos
repetitivos e chatos sobre ecossistema na sua história e nem que deva escrever
sobre plantas. Ambientação nada mais é os elementos que constituem todo o seu universo imaginado, ou seja, o cenário onde se passam as situações, os sentimentos e personalidade das personas...
"Ah", alguns podem afirmar,
"mas eu contei que se passa na cidade de são pingado das conchas e o ano e
bla bla bla", sim, mas apenas dizer a local geográfico não ajuda a estabelecer
o clima. E o clima a que me refiro é o sentimento que o leitor precisa ter para
ser envolvido pela sua web e chegar onde você quer que ele chegue. Por exemplo,
vamos dizer que sua narrativa é um conto de terror. "A noiva do cemitério”,
sei lá.
"A noiva de cemitério correu atrás de
Aurélio que gritou assustado. Ele se escondeu atrás de um muro e ficou em silêncio.
Até que ele ouviu um barulho vindo detrás, e quando se virou lá estava ela!".
E aí, ficou com medo? Por favor não me
digam que sim, senão vou me lançar na carreira de escritora de horror agora
mesmo! haha. Mas vejam, eu falei onde aconteceu a cena - em um cemitério - os personagens, o que estavam sentindo. Porém, nada! O que estava faltando?
Sim, os detalhes, as descrições. Seria interessante primeiro estabelecer o
plano: como é o lugar onde eles se encontram? A noite escura, os bichos que voam,
os portões, os túmulos, as cruzes enferrujadas... Percebem que já começa a dar
um medinho? Os sons também são importantíssimos. O papel não emite sons, mas
nossa mente sim, lembrem-se disso. O pisar das folhas secas, o granir de um pássaro.
E claro, como são os nossos personagens. Pois como você pretende assustar o
leitor sem nem ao menos lhe dizer do que ele deve ter medo? E junto a tantas
outras informações essenciais - como as personas estão se sentindo, quem eles são,
tanto psicológica quanto fisicamente - ajudam a formar toda a atmosfera necessária.
O que muita gente não vê quando menospreza
a ambientação a taxando como chata ou até mesmo inútil é que ela é a grande
responsável por inserir o leitor dentro da história. É como se um dia acordássemos em uma caixa. Ao abrir os olhos, nada mais que a total escuridão. Nos sentimos
então como flutuando sobre o nada, sem qualquer direção ou ideia de onde
estamos. Até que, de repente, começam a se desenhar paredes, objetos, elementos da paisagem ao redor, e então você começa a entender o que acontece ao seu entorno e sente-se inserido ali. Assim é como uma boa narrativa deve colocar quem a lê: mergulhado naquele
universo da cabeça aos pés. Ao final, a ambientação nada mais é que convidar a
pessoa a entrar, por isso, quando inexistente, é impossível não sentir como se
vendo algo do lado de fora.
E devo dizer, esta é uma lição que demorei
para entender. Como muitos, eu desprezava totalmente estes detalhes, achava-os
entediantes e um desperdício de letras e de tempo quando poderia muito bem-estar
desenvolvendo os acontecimentos. Bom, o que aconteceu foi que, ao mostrar meu
texto a outra pessoa, a reação dela não foi nada como eu esperava. Ela reclamou
que não fazia ideia do que estava acontecendo, onde os personagens estavam e não
se sentiu movida de maneira nenhuma pela história. Isso realmente foi um
choque. E quando a interroguei do que faltava... Adivinha? Ambientação! E
depois de muito pensar, cheguei à conclusão que apresentei neste artigo para
vocês.
Depois de estar trabalhando nisso nos meus
trabalhos, agora vejo, que a ambientação sempre fez parte essencial no mundo da
literatura. E melhor, em nossas mentes também! Você escritor, você sabe como é
aquela casa, como está o tempo naquele dia, e como são seus personagens. Mas
nosso erro, é não contar isso aos nossos leitores. Eles não são adivinhos, não é
mesmo? Não podemos esquecer que ser escritor significa, em seu cerne, pôr em
palavras a ideia exata do que se passa em sua mente. E quanto mais acurada
possível, melhor escritor você é.
Portanto, sem medo ou hesitação deixemos
que eles entrem em nosso mundo louco, abram a porta, atravessem as paredes, sentem-se
em uma cadeira confortável e tenham ainda uma bela paisagem para admirar.
Bom, espero que tenham gostado de mais este
artigo! Até a próxima pe-pe-ssoal! Beijoos e bye bye!

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- Notas
1. Essa coluna está protegida pela lei nº 9.610/1998, Art. 46 III, que protege a utilização de qualquer obra ou trechos dela, em qualquer mídia ou meio de comunicação para fins de crítica, estudo, ou polêmica.
2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.
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