E aííí meus weblovers, curtindo esse comecinho de ano que mais parece o fim do ano passado? É, a coisa tá preta, ou melhor, vermelha; Fiquei sabendo que o Dória irá cancelar também a páscoa, afinal, todos devem ficar em casa, assim, ele já mandou prenderem Jesus no túmulo de novo. Mas, pelo menos por aqui, a coisa continua na ativa, e por isso, bora pra crítica?
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Autor(a): Megan Clarcke Ano: 2020 |
E seu início colaborou com a minha previsão, começando de maneira bastante promissora, ao nos apresentar Teresa, moça que após anos, volta a sua cidade, no entanto, ela acaba por descobrir que seu grande amor, Bráulio que prometera esperá-la quando voltasse, está namorando com Manuela, nada menos que sua própria irmã.
Sentiu o baque, não é? E Megan é especialista em fazer sinopses realmente atrativas. No começo então, simpatizamos com a protagonista e desejamos que ela consiga se vingar, o que é ótimo para a narrativa. Mas aí é que começa o problema, pois, diferente da trama dos gêmeos em que houve um desenvolvimento até chegar ao objetivo, o enredo o entrega logo no começo, quando Bráulio termina com Manuela para ficar com Teresa novamente. Dessa forma, a personagem logo de cara consegue o que pretendia, perdendo seu propósito na trama e deixando o público mais perdido que fã do mettalica no show da jojo todynho!
Mas a autora guardava um truque na manga: na verdade, tudo não passava de um plano entre Bráulio e Manuela para enganar Teresa, ou seja, na verdade, ela nunca conseguiu seu objetivo. O que nos trouxe de volta, evidentemente a estaca zero. Mas aí é que está: durante o decorrer da história, Teresa começou a se revelar uma mulher sádica, se utilizando de métodos cruéis contra todos os que se opunham a ela, e assim ela acabou por destruir qualquer simpatia que havia criado com o leitor.
Enquanto isso, o enredo passou a perder a objetividade e se resumiu somente em um monte de ações maléficas dos personagens uns contra os outros, transformando-se em uma bagunçada briga de gato. No fim, Teresa consegue causar o mal a todos que odeia, mas sem a torcida do público, comemora sozinha seus ganhos pessoais.
E isso aconteceu pelo mesmo erro cometido em "Reflexo do mal"; a escritora quis dar ambiguidade aos envolvidos e, realmente os traços estão bem mais sensatos do que a verdadeira esquizofrenia da última web, mas ao dar atitudes ruins ás protagonistas, ela esqueceu-se de torná-las justificáveis.
Veja, para que o público simpatize com um personagem não é preciso que ele só realize boas ações, não mesmo, exemplos como Jack Sparrow e o mais moderno Joker estão aí para desmentir isso, mas é necessário que estas ações façam sentido com quem o personagem é, em outras palavras, se justifiquem pela sua personalidade. Jack é um homem em busca de seu grande sonho, o pérola negra, e por ele, é capaz de tudo, até enganar pessoas que ele gosta, enquanto Joker, é um homem sádico e sem amor, mas o público simpatiza com ele, pois ele busca vingança apenas contra as pessoas cruéis que realmente o vitimizaram.
Quando chegamos á Teresa, no entanto, vemos sim motivos para que ela se vingue contra a irmã, mas seus atos no fim não parecem mais os de uma mulher magoada e sim, atos dispersos de uma mulher fria, que até mesmo trai o melhor amigo, estrutura esta que não fora apresentada antes. O leitor não consegue entender suas razões e se distancia emocionalmente e nada do que ela faz importa para ele. Já em "Reflexo", embora as ações dos personagens rodassem em círculos, elas eram entendidas pelo público, razão de seu imenso carisma.
E por último, deve se mencionar a narração, algo que realmente se destaca nesta trama: a autora utiliza um tom de brincadeira, com expressões xulas e desinteressadas, pois segundo a mesma, o texto não é para ser levado a sério, só que isto funcionaria bem para uma paródia, em que tudo serve ao propósito do humor, mas eu não preciso explicar que o drama central não tem nada de humorístico, não é?
O que ocorre então é que temos um texto sério, contando os dramas dos personagens, sendo cortado, completamente do nada, por um tom histérico que foge do que estava sendo apresentado. Um exemplo é o funeral de Genésio, fruto das ações sombrias de Rodolfo e entrecortado pelo choro desesperado de Teresa, sendo seguido disto:
O padre faz seu discurso em off (não vou escrever o discurso, pois estou com preguiça)
Ou seja, ao invés de incrementar a cena com a fala do padre para aumentar o tom dramático, ela opta por um comentário que passa longe do humor, caindo mesmo na falta de propósito. O que dá a impressão, é que de maneira nenhuma esta foi a verdadeira intenção da autora. Ela claramente visionou apenas a história dramática, como ela foi escrita, mas de alguma forma, sentiu a necessidade de realizar isso de maneira desinteressada, seja para agradar algum público ou o que ela acredita ser o certo, o fato é que em nenhum momento pareceu ser realmente sua vontade.
Sim, ao fim, esta trama passa longe de ser a evolução merecida a carismática antecessora, mas também tenho que ressaltar onde a escritora evoluiu, desta vez as ações dos personagens parecem bem mais objetivas e suas personalidades perderam aquela esquizofrênia, sem falar que o enredo se move conforme as ações dos envolvidos e não pela forçação de barra da autora.
Tendo a mesma estrutura fraca da última obra, mas perdendo seu grande carisma, "Más intenções" revela-se um ponto confuso na linha evolutiva de Megan Clarcke, devendo mesmo estar atrás na cronologia ou quem sabe nem estar nela. Quanto a mim, ainda espero minha próxima história.
É isso pe-pe-ssoal! Espero que tenham gostado! Obrigada por todas as sugestões e aguardo vocês para uma próxima! Não esqueçam de votar na nossa enquete para decidir qual será a próxima história criticada, OK? Beijoo e bye bye!

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Notas
1. Essa coluna está protegida pela lei nº 9.610/1998, Art. 46 III, que protege a utilização de qualquer obra ou trechos dela, em qualquer mídia ou meio de comunicação para fins de crítica, estudo, ou polêmica.
2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.
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