Filósofos, escritores, músicos já tentaram descrevê- lo. Em vão. Por mais belas que sejam as palavras e elaboradas as melodias, parecem incapazes de lhe capturar em traços ou desenhá-lo em linhas de teoria. E não há nada mais frustrante para um escritor do que não conseguir colocar algo em palavras. Portanto, não me proponho a finalmente cumprir este dilema, mas apenas quero perguntar o porquê de sua existência.
Desde pequenos conhecemos o amor. Quase como empiricamente, crescemos ouvindo sobre e sabendo de sua presença. Tenho certeza de que você o conhece. Assim como eu. Embora, nunca capazes de explicá-lo. O que leva uma mãe a amar um filho, por exemplo, acima dela mesma? Ou um casal que se entrega a viver até a morte juntos? Que sentimento liga estas pessoas de um modo que difere de outras? Não é à toa o fascínio que este tema causa no ser humano, motivo pelo qual séculos e séculos foram dedicados a ele. Mas quais seriam as razões então para sua impossibilidade de ser descrito?
E acredito que isso se deva pela sua natureza divina. Nos textos sagrados o amor é falado inúmeras vezes pelo próprio Deus como a forma pela qual lidava com seus seres criados. Jesus havia descido para morrer pelos humanos, por que “os amou”. E todos seus ensinamentos, resumiu-os em amar ao próximo como a si mesmo. É claro ver então sua origem transcendente. Inacessível ao entendimento terrestre tão limitado.
Porém, sabendo de sua gênese excelsa, como conseguimos o ver todos os dias? E isso nos leva quando Moisés, em aflição diante de dúvidas se Deus estaria com ele, pede ao mesmo uma “prova” de que sua palavra era verdadeira, ou seja, pedindo para que Deus mostrasse seu amor para com seu povo. E a resposta do ser divino foi que deixaria sua bondade ser vista passando pela terra e que teria misericórdia de quem lhe aprouvesse e compadecer-se-ia de quem escolhesse. E isto nos mostra que é da vontade do mesmo ser que deu nascimento ao amor entregá-lo para nós seres tão menores, assim mesmo demonstrando-o para conosco.
Ensinando-nos também que ele não é um sentimento, mas antes, uma ação que pode ser vista, tocada e apreciada. Como nas palavras de Jesus que disse “ame!”. O verbo no imperativo chama-nos para fazermos algo. Ajudar o próximo, acolher o fraco, o sentir então pouco ou nada tem com o amar realmente.
0 comentários