E aíii meus weblovers preferidos, tudo bem com vocês? E a volta às aulas? Gostaria de saber quantos de vocês ainda estudam, em parte pelo gostinho de dizer que essa fase, felizmente, já passou para mim, mas também, porque tem a ver com a obra que iremos falar hoje. Ah, e quem não se lembra daqueles tempos tão maravilhosos em que, acordávamos cedo, tomávamos nosso café e íamos a escola para sofrer aquele bullying? Isso porque, hoje, não se trata da nossa história, mas a de Lívia, nossa protagonista.
![]() |
| Título: A nerd e o popular Autor(a): Talita Freitas |
Muito querida em sua plataforma, “A nerd e o popular”, explora um tema conhecido: a garota que não se veste adequadamente e não consegue se encaixar e por isto, é alvo de críticas e ofensas no colégio. Principalmente, de seu maior rival, o adorado por todos, Scott Tucker. Acontece que, por um ajuste do destino, os dois acabam tendo que dividir a mesma casa! E a palavra “ajuste” tem seu sentido literal aqui, pois, para que isso ocorresse o enredo teve que dar uma esticada monstra no senso das coisas, quando as mães das duas famílias, amigas desde sempre, decidem, simplesmente que vão morar juntas, assim, sem explicação nenhuma. (E nem me venha com a desculpa financeira. Estavam tão ruins de dinheiro que, depois, se mudam para uma casa maior??)
E essas “esticadas” vão se tornando cada vez mais comuns. Isso porque, para a autora, o único modo de movimentar os acontecimentos, foram as ações dos personagens secundários tendo efeito na vida dos protagonistas, mas isso não quer dizer precisamente, que elas tinham que fazer sentido. Como a mãe de Lívia convidar a amiga para dormir em sua casa e colocar sua própria filha para dividir o quarto com um garoto estranho! E isso piora quando ela retorna e diz que terão que dividir a mesma cama! Tipo: “Sim, filha, eu sei que parece loucura colocar um cara de 18 anos para ficar de conchinha com você na cama e provavelmente te bulinar a noite, mas quebra essa pra mim, tá?” Kkkk. Sem falar na mãe de Scott, que se recusa a ver o filho no hospital e diz que prefere Lívia para acompanhá-lo, somente, é claro, para que os dois pombinhos pudessem ficar juntos.
E é óbvio para o leitor o tom forçado nisso tudo, o que deixa a narrativa previsível e monótona. Muitos acreditam que, para se ter um ritmo agitado, é preciso somente ter coisas acontecendo a todo momento, mas se enganam, pois, o leitor pode se sentir intensamente movido independente do volume de cenas e ações. Mas sim, da intensidade delas, ou seja, o efeito que elas causam, sua imprevisibilidade, as coincidências, as tensões entre os personagens, os encontros e etc. No entanto, a autora aposta em um roteiro tão “seguro” digamos assim, que não sentímos sequer um risco ou ruga de preocupação quanto ao destino do casal, pois tudo na trama esforça-se ao máximo para juntá-los desde o início. Mas isso não teria graça, não é mesmo? Então qual é a solução da autora, caros leitores? Criar motivos psicológicos para a separação dos dois. E gente, é tanto pensamento “fora da casinha” que esses dois arrumam, que a palavra “frescura”, é apelido pra eles!
E não é à toa o fracasso do texto sempre que tentava alcançar um tom mais maduro, se aprofundar ou criar alguma tensão emocional. As cenas soavam ridículas e desacreditadas, causando o efeito contrário ao esperado. Não somente pela falta de experiência da autora, mas aos conflitos dos personagens que não foram bem desenvolvidos. Começamos com Lívia, perseguida e hostilizada pelo colégio todo. Porque? Por usar roupas largas demais! Quê?? Quem são estes alunos? O Arlindo Grund e a Isabela Fiorentino?? E a autora faz o maiooor drama com o que poderia ser resolvido com uma simples ida ao shopping! O que a protagonista faz logo depois. (Ai meu pai, dá-me paciência!). E quanto a Scott, o grande pegador rebelde que nunca se apaixonaria e do nada se encontra apaixonado profundamente da pessoa que mais repudiava? Sem falar do ódio que sentia pela mãe, mas que nunca mais toca no assunto de novo. Adrian, o “babaca canalha” que, ao final, revela-se como um romântico enamorado, sem que tenhamos qualquer ideia de como isso aconteceu. E assim, consecutivamente, as personas nesta narrativa apresentam tensões tão sérias quanto os roteiros do Teletubbies!
Porém, apesar disto, não posso dizer que o casal tenha falhado em agradar o público. Sua química é boa e eles conseguem apresentar motivos maiores para sua ligação, além da atração física. Por isso, não falho ao dizer que, eles são a única razão para alguém querer acompanhar o livro. A escrita é relativamente decente e a trama apresenta, em algumas cenas, um certo carisma, mas nada que não seja apagado assim que paramos para pensar mais uma vez.
O que podemos constatar aqui é o típico dilema do clichê. Ouçam, eu não tenha nada contra o clichê, como sempre digo, a alma humana sempre sonhará com o amor, com os sentimentos eternos, com o que é divino. Portanto, sempre cairemos nos mesmos temas. Meu problema então, não está na repetição, mas quando vejo que ela foi utilizada como primeiro recurso, em outras palavras, tudo foi fácil demais. O enredo não arrisca sequer uma vez, as situações não empolgam e os personagens não cativam. Assim, tudo soa como já soou antes. Por isso, não se pode surpreender, quando trocado por algo semelhante, porém, melhor.

________________________
- Notas
1. Essa coluna está protegida pela lei nº 9.610/1998, Art. 46 III, que protege a utilização de qualquer obra ou trechos dela, em qualquer mídia ou meio de comunicação para fins de crítica, estudo, ou polêmica.
2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.
• Direito de Imagem (Rating)
Designed by starline / Freepik
• Direito de Imagem (Rating)
Designed by starline / Freepik



0 comentários