As feras, que se apresentavam como o grande tema de conflito na série, perdem o foco no ultimo capitulo para um segredo de família que nunca foi bem construído e que não tem relação nenhuma com os monstros, exceto por, sem explicação nenhuma, as feras serem os familiares de Licurgo.
A história não consegue de forma alguma dar uma justificativa do porque o encontro dos dois protagonistas era importante para qualquer um deles ou porque o passado deles tinha qualquer relevância no caso. Tornando-a uma história vazia e sem propósito! Ela também não tem sucesso em juntar o mundo contemporâneo de Jade com o fantástico de Licurgo, parecendo mesmo duas narrativas distintas.
E depois de toda essa dissecação em que claramente vê-se que “incognoscível” falhou em todas as características possíveis, fica a pergunta retumbante:
“Mas porque então, eu pensei que ela era uma boa trama?”
Sim, o grande truque será revelado, mas devo avisar, ele não é novo, afinal, já foi usado cansativamente e desde há muito tempo por diversos autores.
Ele é... a retórica.
Retórica pode-se dizer, é a arte de falar bem, de argumentar. Sabe aquele amigo que te leva sempre no papo? Ou aquele que mesmo mentindo sempre consegue se safar com um bom discurso? Pois é!
O que ocorre é que este autor, mesmo sem ter qualquer ideia de como construir uma boa narrativa, sabe muito bem como utilizar palavra difíceis e criar conjuntos que parecem bonitos e inteligente a primeira vista, mas que se olharmos bem, não passam de um amontoado de palavras que, muito dizem, mas nada significam. Vejam!
Qual a importância de dizer isso, senão pelo o único objetivo de impressionar o leitor com uma superficialidade vazia? E o narrador continua com seu show de palavras difíceis e desnecessárias:
Kkkk Sim, pode rir caro leitor.
E se não bastasse isso, ele ainda inventa termos que podem parecer bonitos ao leitor despreparado, mas que na verdade não possuem qualquer sentido:
Se alguém puder me explicar o que é isso me avisem por favor!
E o que dizer disto?
Ele sequer repara no que escreve. Como a própria pessoa pode não saber o que se passa dentro dela?
E o erro por trás deste recurso é pensar que o uso de palavras difíceis e às vezes incompreensíveis fará nosso texto parecer eloquente e requintado, quando na verdade, apenas o faz soar confuso e superficial. Pois a escrita não se trata de usar bonitas palavras, mas de transmitir corretamente a ideia que se quer passar. E neste quesito esta trama não consegue mais do que o terrível fracasso!
Muitos, enganados por esse freak show de vocábulos eloquentes, irão questionar minha nota, mas o fato é que se trata de uma das novelas mais desastrosas que já li, o que não a faz de maneira nenhuma diferente de uma “seu sangue é meu drink”, por exemplo, ela apenas está revestida de um bom uso de um dicionário. Não caiam nesse truque!
O verdadeiro escritor nunca usa as palavras para impressionar, mas sim, para dar à sua imaginação, a mais pura e correta impressão.
Assim como as palavras podem carregar vida e destruição, a correnteza do rio carregava Jade e Licurgo. Frágeis existências, que lutavam para sobreviver. Levadas pelas águas, que podem purificar ao mesmo tempo em que podem afogar.
“O medo transbordante bombardeava sua caixa torácica como um balão prestes a estourar.”
“Um cheiro doce de suor invadiu o coração de lucas”
“Vento claustrofóbico”
“O casco caiu como o som de uma locomotiva”
Ah, aí já é demais!
“Seus olhos negros e profundos encaram seu próprio rosto como se pudessem desvendá-lo."

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- Notas
1. Essa coluna está protegida pela lei nº 9.610/1998, Art. 46 III, que protege a utilização de qualquer obra ou trechos dela, em qualquer mídia ou meio de comunicação para fins de crítica, estudo, ou polêmica.
2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.
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