Erika G.

Helloo-ween, meus caros weblovers!!! Animados para o dia das bruxas? Sim, eu sei que, durante este ano não pareceu que estávamos vivendo outra coisa senão uma eterno filme de horror, e pior, correndo o risco de ser aquele personagem irritante que morre antes de todos! Mas, felizmente, tudo passou e agora podemos curtir o terror da forma como amamos, embaixo dos cobertores! Por isso, estoura a pipoca e vamos lá!

"O quarto 733” é um conto que teve sua primeira aparição em um site de relatos de terror estrangeiro; tornou-se muito popular e hoje é considerado um dos mais famosos contos da internet. Ele conta a história de Becca, uma jovem estudante que muda-se com sua melhor amiga, Lydia, para a nova faculdade. Mas logo ao chegarem elas descobrem que o quarto ao lado dos seus, trata-se do 733, o famoso "quarto do suicídio", assombrado há anos pelos terríveis acontecimentos cometidos ali. Tudo passaria de uma lenda? Ou uma terrível coincidência? Seja o que for, este mistério irá tirar o sono de quem ousar dormir ao lado. 

A premissa é simples, e até clichê: o lugar atentado por uma força maligna. Já podemos prever os objetos voando pelo ar, e os vultos no espelho, certo? Mas é aí que o autor inova, ao colocar não o quarto das protagonistas, mas o quarto ao lado como o foco de terror, e mesmo que pareça um detalhe sem importância, isso foi essencial para estabelecer o clima bizarro pelo qual o conto funciona.

Pois, ao colocar os acontecimentos longe dos olhos das personagens, o leitor acaba por depender dos ruídos e pequenas demonstrações de fantasmagoria para criar a imagem do ser ou monstro, o que aumenta o medo, pois a imaginação do leitor sempre será mais aterrorizante do que qualquer personificação mostrada e, ao mesmo tempo, nos une a Becca, porque sentimos e vemos a tudo junto com ela. 

As cenas em que Becca ouve os barulhos a noite ou que tem visões são bem construídas, aparecendo no momento certo; nada que arrepie os cabelos, pois falta a descrição e ambientação mais precisas para nos fazer mergulhar ali, porém, nada que soe forçado ou sem propósito. Destaque para quando Becca vizualiza o quarto por debaixo da porta, de longe a cena mais assustadora. 

E o tom bizarro é o que de fato salva este conto, afinal, se dependêssemos dos outros dois pontos existentes, o mistério e o ser fantasmagórico, com certeza teríamos um fracasso. Isso porque, em nenhum momento sentimos a urgência em saber o que se passa naquele quarto, temos o conhecimento dos suicídos, mas não nos importa como acontecem. 

Devido a grande falha da trama em não dar uma personalidade para o "monstro".  

A começar, porque ele age de forma irracional, não seguindo uma lógica de ação que demonstraria um padrão de comportamento e, assim, nos apontaria uma possível motivação ou personalidade, também não há menção a qualquer possível pessoa ou demônio que possa ser essa "aparição" e, desta forma, ele acaba por se tornar um ser inócuo, sem face, apenas uma força que move o enredo.

O que piora com as protagonistas que não demonstram estarem mais do que apenas incomodadas com os barulhos a noite. Estamos falando de um ser que aparentemente levou várias pessoas a suicidarem-se, no entanto, nunca vemos este grande poder demoníaco em ação. Quando Lygia comete o ato de jogar-se não fazemos ideia de como ela chegou naquela situação, pois tudo o que o monstro faz é bater portas ou sussurrar coisas, nada agradável, admito, mas nada que um vizinho funkeiro não supere! 

O ritmo é agradável, embora um pouco rápido e atrapalhado, com a inserção de uma busca teológica que não leva a nada e a ajuda de Aline que de nada acrescentou ao todo, mas a revelação final realmente consegue surpreender o leitor e colocá-lo em um tom de urgência e terror. 

Vale ressaltar o bom uso das protagonistas que fugiram do clichê da mocinha apática e a amiga cética, mas mostraram-se pró-ativas o conto todo, uma pena não poderem ter suas personalidades exploradas ou ponto de podermos sentir por elas. 

Ao fim, "Quarto 733" revelasse uma história simples, mas bastante envolvente, que não prende o leitor por um mistério, mas por algo melhor, por um sentimento, o sentimento do estranho e do bizarro, que não te impede de dormir, mas te impregna os sonhos.