Oláááaaaaa meus weblovers, como estão vocês? Espero que mal, muito mal, profundamente devastados pela saudade que estavam desta coluna aqui, estou certa? Já eu, não poderia estar mais feliz, só não estou mais radiante que a nova capa! Ah dá uma olhadinha nesta capinha mais linda da mamãe! :> Sim, vocês merecem o melhor e com melhor também me refiro ao novo sistema de votação, isso mesmo, agora serão vocês os que irão escolher a web que será criticada na próxima semana! Tá ótimo, ou quer mais? Talvez, a análise de hoje, não é mesmo? Então, bora lá!
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Autor(a): Lucas Henrique Ano: 2019 |
Todos sabemos que a sexualidade é algo que não escolhemos, com a qual nascemos e passamos a vida seguindo seus instintos intrínsecos. Mas, e se alguém não estivesse contente com a própria sexualidade, seria possível fazê-lo mudar pelo o que se atrai? Este é o tema da história de hoje e, devo dizer o melhor ponto dela. Um tema ousado e chamativo que desperta o interesse do leitor.
E para testar a tese, o autor nos entrega João, jovem que de uns tempos pra cá vem percebendo sua atração por pessoas do mesmo sexo, somente que, ele é filho de pais evangélicos, assim, vocês podem imaginar o que acontecerá quando ele se atrai por August, cujo os pais, adivinha, também são evangélicos! - Uma leve forçadinha do autor, convenhamos, mas se valerá a pena perdoá-la é o que veremos.
Os dois tentam lutar contra este sentimento, mas sejamos francos, com a mesma força que eu para levantar de manhã! E aí entra um dos primeiros deslizes da narrativa, pois, ela busca construir seus personagens em cima de seus conflitos com a sexualidade, no entanto, eles sequer tem algum. August e joão cresceram acreditando que ser gay era um grave pecado e, pelo o que sabemos, mesmo que sentindo leves atrações por meninos durante a adolescência, isto nunca foi um fator determinante para eles até se conhecerem.
Então, quando aceitam isso com tanta naturalidade e quase sem qualquer conflito, não apenas destroem sua característica dentro da trama como se distanciam do leitor, que não os compreende. E isso piora, quando tudo o que sabemos sobre eles é o que foi apresentado na sinopse. O que eles são além disso, nunca nos é dito e assim, fica difícil se identificar ou torcer por um deles.
Mas no momento que pensamos que a web não nos dará mais que um romeu e julieta desbotado, o enredo dá um giro. Eis que os pais dos pombinhos descobrem o relacionamento e, dispostos a reverter a situação os internam em uma casa de reabilitação sexual. E ao chegaram lá, o personagem Ronaldo, monitor da casa diz ser um ex-gay reabilitado. Uma virada realmente interessante, apresentando para o leitor um mistério, tanto para ele quanto para seus personagens: seria possível a cura?
Confesso que, neste ponto meu tédio até deu uma pausa, de repente, a história se tornava chamativa e a casa de reabilitação, com suas atividades reversivas secretas e uma ideologia que seria um contra-argumento ao que fora dito no inicio, levando a um debate instigante no qual giraria o enredo e culminando em um climax para todos os personagens, parecia ser a chave para salvar esta história de um terrível desastre!
Até que...
A imagem mostra Roberto adentrando o banheiro (...)
Sim, logo de início, a obra revela que Ronaldo não era um ex-gay e que todas as promessas de conversão eram falsas, acabando completamente, com um golpe mais forte que a bola da Myley no clipe wrecking ball, com a questão central da história, que havia dado origem ao título.
Sem mais dúvidas ou mistérios, então, somos deixados a mercê de personagens desinteressantes que não apresentam qualquer desenvolvimento; João afirma ter dúvidas quanto a poder mudar, no entanto, em nenhum momento demonstra isso, mas continua a ver August escondido; ao final, tudo o que esses personagens fazem é reclamar dos mesmos temas de novo e de novo, principalmente dos traumas que sofrem naquele lugar.
Claro, como poderão apagar da mente os horrores das terríveis sessões de "aperto de mão", (sim!), ou de serem convidados ao subir ao palco e falar de seus problemas, dos quais, se os afirmassem, sofreriam o horrível castigo de serem aconselhados a orar mais! Não me entendam mal, caros leitores, não quero eu de maneira alguma diminuir o sofrimento destas pessoas, não, quem o fez, foi o escritor!
Devemos excluir, é claro, Roberto que possui um conflito real dentro de si, e no fim acaba por fazer uma escolha, uma pena não terem dado uma devida atenção a este personagem, seu desenvolvimento fica um tanto superficial.
Mas não se preocupem, o casal principal conseguirá escapar, bem, não que não pudessem antes, eles nunca estiveram trancados, só precisavam da permissão dos pais, o que conseguem com a convincente mudança de mente das mãe dos dois. E assim que são levados pelo carro da mãe, quer dizer, que fogem desesperados daquela prisão, João está determinado a fazer justiça! Acontece que Gabriela, uma das internadas ali, cometeu suicídio e nosso herói está disposto a ir ao congresso denunciar a casa para que outras como ela não façam o mesmo!
Mas só tem um pequeno problema, Gabriela não se matou por causa da instituição, mas sim, pela falta de afeto do pai, na verdade, durante seu tempo naquele lugar ela nunca aparenta sofrer, sequer entra em real conflito consigo mesma, dizendo que sabia que não ia mudar, o verdadeiro conflito era com seu pai. Porém, o que importa isso se João consegue a vingança, quer dizer, justiça que queria, certo?
E com um emocionante discurso em Brasília, termina a incrível jornada desse casal, ah, e pra ajudar ainda mais, os dois pastores intolerantes decidem aceitar a sexualidade dos filhos - é, pode não haver cura para o homossexualismo, mas para um autor que quer resolver um problema de maneira fácil, não há milagre que não possa ser feito - e assim, os pais terminam com o conflito que nunca existiu, provavelmente ainda tendo que pagar os boletos que restaram para a instituição. Aprendemos também que a sexualidade não pode ser mudada, porque, bem, o João diz isso no final, e que, embora os verdadeiros vilões disso tudo tenham sido os pais, denunciá-los não nos dá um cargo público.
Mas quer saber, nem valeria a pena, pois o real antagonista desta história foi mesmo quem a escreveu!
E o que acharam da nossa estreia de 2021? Já começamos com tudo e logo virão muitos outras novidades por aqui, e não esuqeçam de acompanhar amanhã a estréia da nossa enquete para decidir qual será a próxima web criticada, hein! Vejo vocês na próxima, beijoo e bye bye!

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Notas DIGG TV
1. Essa coluna está protegida pela lei nº 9.610/1998, Art. 46 III, que protege a utilização de qualquer obra ou trechos dela, em qualquer mídia ou meio de comunicação para fins de crítica, estudo, ou polêmica.
2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.
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