Eaííí meus weblovers adorados, como estão? Espero que ótimos! E 2020 aproxima-se de seu final; sim, foi um ano difícil, mas pelo lado bom, pelo menos não sentiremos aquela famosa culpa quando a música de natal perguntar: "e o que você fez?" e felizes poderemos levar nossas promessas de dieta ou do cursinho de inglês pra 2021! Mass, quanto a crítica de hoje não se preocupem, que não teremos que esperar mas nem um segundo! Simbora?
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Autor(a): Diego Silva Ano: 2019 |
No entanto, devo avisar, não estarei aqui para falar da história que li essa semana. E isso é por um motivo simples: não há história! De fato, em todos os mais de vinte capítulos de "força de um sonho" é impossível encontrar sequer as características de uma história; não há enredo, não há desenvolvimento de personagens, não há pelo o que torcer, sequer esperar, tudo se resume em um conjunto de letras espalhadas na tela que nada dizem, nada provocam.
Começamos com essa família que mora em uma comunidade. Porém, a trama não nos diz nada sobre eles, quais suas motivações, personalidades, o relacionamento entre cada um deles, e eis que o pai morre vitima de um traficante. O mesmo entrega um prazo a eles para pagarem a dívida, caso contrário irão todos morrer. E eu sei o que está pensando, que isso está se parecendo com um enredo, certo? O problema é que este assunto nunca mais volta na novela! Literalmente, a família se muda e a narrativa esquece-se completamente disso!
O que temos então é sucessão de acontecimentos inúteis e cenas aleatórias, uma após a outra, em que os personagens se confrontam de novo e de novo sem sair do lugar e sem conseguir citar o interesse do público que não os conhece nem se importa com nenhum deles. Paula mesmo é esta vilã racista que odeia Janaina. Mas o que ela faz durante a web inteira? Apenas a difama todas as vezes que a encontra e espalha seu modo tóxico de pensar a todos os que a veem. E assim, nunda há um verdadeiro obstáculo, ou impedimento para estas personas, nada! No final, há sim uma tentativa rápida e murcha de algum ato contra Janaina, mas nada que não fosse resolvido tão rápido como começou.
E falando em Janaina, ô protagonista apática! É até mesmo difícil considerá-la a mocinha quando até mesmo um figurante de cena de bar tem mais relevância que ela nesta obra! Ela nada deseja, nada quer, e tudo o que faz é reclamar sobre os seus sofrimentos o tempo todo. E assim são, infelizmente, todos os personagens nesta web que, nunca desenvolvem ou fazem qualquer coisa, apenas recitam, um após o outro o que sentem em relação a seus problemas. E quando realizam algum ato, ele soa completamente fora de propósito.
Porque devo me importar se kátia e a mãe estão roubando o avô, por exemplo, ou se Gael está perdido nas drogas? Eles nunca me foram introduzidos, portanto, como posso torcer para que eles alcancem algo que sequer sei o que é?
Mas se engana quem pensa que isso se trata de um erro crasso do escritor que, não soube formular bem sua trama, e sim, a consequência de um único erro: não ter quisto realizar uma boa história. E alguns podem estar imaginando: ué, por que mais um autor escreveria senão para realizar uma boa obra? Porém, poucos parágrafos bastam para entendermos o verdadeiro intento desta narrativa, na verdade, somente esta linha:
Janaina ( militando ) - O negro esta conseguindo cada vez mais espaço, e não podemos desistir
Os personagens não tinham personalidade, mas sabiam de cor o mesmo discurso ensaiado, não possuiam dificuldades reais, mas recitavam a situação do país e as injustiças sociais sempre que podiam e não criavam conflitos reais entre eles a não ser que tivessem a ver com a mensagem da narrativa, fazendo com que, ao final, tudo girasse em torno dela e que fora dela nada importasse! Não houve enredo, desenvolvimento, clímax, porque esta trama nunca precisou disso, pois tudo o que desejava era um meio de propagar suas ideias político-ideológicas, transformando-se no que chamo de "história outdoor".
Vivemos num mundo globalizado, em que todos podem ter ideias diferentes e compartilhá-las, e isso é ótimo, todos devemos ter um espaço para, de forma respeitosa e consciente, expôr o que pensamos, abrir o diálogo e lutar por nossos ideiais. No entanto, este espaço é tudo, menos a arte. Devemos nos lembrar que a finalidade de uma obra, de uma peça, de um quadro, nunca é o de dizer algo. Podemos transmitir uma mensagem com nossa arte? Sim, podemos. Todavia, ela nunca deve ser a coisa mais importante.
Vamos pensar, o que diferencia um cartaz de "não suje a rua" de uma escultura que protesta contra o lixo jogado? Afinal, os dois estão dizendo a mesma coisa. Exato! Está na forma com que se faz isso, o cartaz apenas emite a palavra, a mensagem fria e direta, enquanto a arte transmite a beleza e a apreciação para depois transmitir o que tem a dizer. A verdade é que a arte pode sim ter o que falar, mas ela deve sempre deixar a opção para o expectador ver muito mais além disso.
O que acontece então quando tudo o que se tem é a própria mensagem? A história vira um mera cartaz, cheio de enunciados, mas vazio de emoções. Como uma rua em época de eleição em que tudo o que podemos ver são os santinhos acumulados, essas histórias se tornam apenas o pano de fundo no qual os escritores propagam suas teorias pessoais. Esquecem-se, porém, que um dia todas essas teorias terão passado, como sempre passam, mas o que é eterno, o que fala com a alma, permanece para sempre.
Ao fim, "Força de um sonho", não tem sonho, nem quem sonhe, sequer seu escritor que, ao invés de criar um mundo aparte cheio de emoções e significado, nos entregou uma estante vazia, um mero cavalete.
É isso guys! Espero que tenham gostado! Até a próxima, beijoo e bye bye!

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Notas DIGG TV
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2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.
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