E realmente, “opostas” é pouco para descrever esses dois! Por isso, quando saímos da brincadeira e paramos pra pensar que de fato existiu alguém que escreveu isso, é inevitável não repetir o famigerado meme: “o que passa na cabeça dela?”.
No entanto, o que esse artigo veio para mostrar é que em se tratando de histórias virtuais a bizarrice é quase senso comum!
Se preparem, pois eis aqui as maiores bizarrices e absurdos das histórias virtuais, que farão “SELENÃO” parecer tedioso!
1. Enredos fora da casinha
O termo bizarro configura “aquilo que causa desconforto por sua excêntricidade”, porém, não se trata de ser excêntrico apenas, podemos sim escrever sobre coisas fora do comum, como bruxos, por exemplo, sem causar qualquer estranhamento do público, mas tudo se baseia no contexto.
Por exemplo, em um universo em que a magia exista é mais do que aceitável que haja uma escola para ensinar esse feitiços, agora, imagina que você está assistindo “Velozes e furiosos” e Vin Diesel está disputando uma corrida com o vilão, quando de repente ele levanta sua varinha e começa a atirar raios no rival. Qual seria sua reação?
E é exatamente isso o que acontece com estas histórias: elas estabelecem um mundo realista, e então, de lugar nenhum, seus personagens começam a lançar feitiços, virarem lesmas e a lutar com múmias! Um clássico é a web “Torre inversa” que pasmem inicia com um simples triângulo amoroso e, sem qualquer explicação os personagens começam a lutar contra monstros de outro mundo em uma mistura de “X-men” com “Paranormal”, ou a absurda “Instinto assassino” em que em uma de suas muitas cenas loucas as protagonistas lançam nada mais nada menos que um holograma para despistar o vilão.
A mocinha que descobre a gravidez em apenas 8 horas, a neta que conta a avó que foi estuprada, mas a mesma diz que quer ver a novela!... o céu é o limite para as loucuras desses autores que estão do jeito que a psiquiatria gosta, e nós também, para rir muito!
2. “Ainda um romance melhor que crepúsculo”... Será?
Eis que você é a mocinha da história e ao chegar da escola seu pai lhe anuncia que está prometida a casar com um homem desconhecido. Você se recusa veementemente, sobe as escadas chorando, no entanto, o cara acontece de ser um gato, ainda assim você se nega, mas indo vestir aquela mais bonita roupa no jantar, ele é estúpido, machista, mas totalmente rico e misterioso, e seu tataravô jurou ao tataravô dele que iriam se casar, pois é, não tem jeito...
Quantas e quantas e quantas tramas você não encontra com este mesmo enredo? É só dar uma olhada no whatpadd no setor “casamento” e você irá cansar de ver,“Obrigada a casar”, “Prometida ao mafioso”, “Contrato de casamento”... E a história é sempre a mesma: uma desculpa esfarrapada e inverossímil para juntar dois jovens atraentes sob o mesmo teto.
Mas, embora o tema seja mais usado que fita isolante em gato de pobre ele podia ser perdoado, não fossem os relacionamentos serem totalmente inacreditáveis, quer dizer, até Ana Maria e Harry Styles tem mais motivos para ficarem juntos do que estes casais!
Acontece que nada, além do fato de eles serem bonitos, é usado como base para que eles gostem um do outro. O galã sempre é aquele homem poderoso e rude que trata a moça com grosserias, a aprisiona ou até mesmo mata o seu pai, mas a mocinha, com a personalidade de um ser unicelular, parece que só sabe pensar pelo ciclo menstrual; como na famosa “A dívida”, em que o criminoso assassina todas as pessoas que a garota amava, e mesmo com os sinais vermelhos desse relacionamento, nesse caso, antecedentes criminais, ela casa com ele. Fazer o que né, não é sempre que se vê abs daquele jeito!
E meu ponto passa longe do viés político, não acho que isso seja ruim pelo tom “machista” ou “tóxico”, mas por ser simplesmente má literatura. O resultado é um casal sem sentido que funciona somente na cama performando piruetas sexuais, mas que com o passar do tempo viram piada e são esquecidos, como “After” e “365 Dni”. Enquanto que Elizabeth Bennet e Mr Darcy de “Orgulho e preconceito” que mal se tocam no livro, (é, pois é...) levantam suspiros apaixonados até hoje.
3. Whatpadd: O RedTube das virgens
Você deseja encontrar sexo explícito, com todas as descrições imagináveis, mas sem ser vista como uma viciada em pornô?
As webs virtuais são o lugar para você! Nada como ler uma história só para se imaginar tendo um relacionamento com aquele Deus grego dono do morro/mafioso/empresáriofodão e conseguir atingir o orgasmo enquanto se empanturra de comida, sonhando com aquele homem invadindo seu quarto e vindo até você como um verdadeiro vibrador humano.
Sim, a imagem é grotesca, mas me digam se não é a mais verdadeira do tipo de leitor que histórias assim estão formando hoje em dia? Já foi o tempo em que buscávamos por uma boa narrativa com um enredo interessante e personagens que nos fizessem nos emocionar, torcer e aprender lições, agora, procuramos aquelas com os Abs na capa, e um chicote, por favor. Os protagonistas não importam, sequer a história, somente que os dois sejam bonitos o bastante para nos dar as melhores cenas HOT uma atrás da outra, aí, um enredo improvisado e mal feito é colocado, - assim como um cenário pornô onde conseguimos ver o microfone no teto, - para dar algum tipo de impedimento para o casal e deixar o leitor preso e ansioso para a próxima cena quente.
Descrições cada vez mais explícitas, “mão aqui, bunda ali”... No começo, até tinhamos um pouco de romance, mas com o tempo, com o ato sexual sendo a única coisa chamativa nestas tramas, estas cenas estão cada vez mais pornográficas e só não roubam o lugar dos sites pela a preguiça do povo de ler. E o que isto está fazendo é óbvio: estão transformando a literátura em produto descartável, feito para dar prazer e ser jogado fora, assim, cabe ao escritor escolher onde quer estar: na lixeira ou na estante.

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Notas
1. Essa coluna está protegida pela lei nº 9.610/1998, Art. 46 III, que protege a utilização de qualquer obra ou trechos dela, em qualquer mídia ou meio de comunicação para fins de crítica, estudo, ou polêmica.
2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.
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