Pensando Alto - Arlequina e Anastasia Grey: Qual a graça do lobo mal? Pt. 2



Título Original: Suicide Squad
Ano: 2016
Diretor: David Ayer
Tudo bem, isso pode resolver o problema de Christian, muitos podem dizer, pois, de fato, o dominador muda mesmo por Anastasia e termina com suas atitudes agressivas. Mas e quanto ao vilão de Gotham, que além de nunca mudar, comete as maiores atrocidades com sua "ajudante" apaixonada? Só para se ter uma ideia, um de seus castigos prediletos era jogá-la às hienas. Sem contar as vezes em que a chutava na face, e acredite, esses são os mais leves! 

Mas o erro que enxergo nesse caso, é que ao analisarmos esta situação, sempre deixamos de contar, ironicamente, o lado da mulher. Acontece que não se trata de uma mulher qualquer. Arlequina possui sérios problemas mentais e obsessivos, e mesmo que revelados após seu relacionamento com o namorado de cabelos verdes, impulsos assassinos e perigosos. Agora, isso não quer dizer de maneira alguma que o que ele faz é certo. Mas não podemos simplesmente representar todas as garotas do mundo na Arlequina, pois não estamos falando de uma mocinha em perigo que fora iludida. Ela sabia bem quem ele era e decidiu entregar-se a ele por consciência própria e ainda passando pelas maiores atrocidades continuar voltando sempre.


Temos portanto, uma relação em seus próprios termos. Termos estes, que fogem da normalidade pela natureza mesma de quem os dois são. Vilões. Chega a ser engraçado o esforço dos comentadores e blogueiros que aos gritos tentam provar por A mais B a maldade do Coringa e o quanto o envolvimento dos dois é abusivo. Mas, é evidente que seja! Estamos nos referindo a dois PSICOPATAS! Fica claro, então, a absurdidade de olhá-los sobre as lentes de um romance natural.

Todavia, quando os colocamos sobre seus próprios padrões insanos, conseguimos ver claramente traços e características de um relacionamento saudável. Podem perceber: ambos querem as mesmas coisas e lutam pelo mesmo objetivo. Sabemos que não são lá as mais bem-intencionadas, mas este não é o foco e sim, o grande companheirismo que isso demonstra. Eles entendem um ao outro e aceitam suas loucuras, sem expectativas ou qualquer cobrança. Sem contar, em sua habilidade incrível de conseguir levar tudo no humor.


Mas acima de tudo, e o que acredito seja o grande fator de seu encanto, está a enorme confiança que Arlequina sente pelo parceiro. Como não se impressionar com a forma como ela se joga e se lança por ele, sem sequer perguntar onde estão indo? E tudo isso deriva da impressionante segurança que ela sente nesta relação. Ela sabe com toda certeza que embora ele seja o coringa, eles pertencem um ao outro. E que não importa o que aconteça, eles sempre estarão juntos. E é impossível negar o charme hipnotizante que isso tem para o gênero feminino. Pois, admitindo ou não, toda mulher sonha em pertencer a alguém que as faça sentirem-se seguras. E muitos podem estar confusos em como pertencer pode significar segurança, porém, esquecem-se que esta "dominação" foi concedida por elas mesmas confiando que eles sabem o que é melhor para elas. No final, vejam, este é o truque, estão no controle o tempo todo.


A esse ponto é evidente que a chave para a resposta deste enigma nunca esteve no objeto de desejo destas mulheres e sim, nelas mesmas. Tudo tem a ver com o que elas sentem e como veem-se nesta relação. São os olhos de Arlequina e Anastasia, cintilantes de admiração e devoção por seus parceiros, que os glorificam e os elevam. Portanto, são as características saudáveis de um relacionamento aliadas às pré-disposições psicológicas que levam estas fãs a este fascínio. Por isso, acalmem-se feministas e sensacionalistas escandalosos, que nenhuma garota vai sair por aí pedindo para ser agredida ou logando em sites "psicopatas também amam".


Acho que não preciso explicar para nenhum debiloide que possa estar lendo, que este artigo não tem intenção nenhuma de defender estes casais como exemplos de envolvimento sadio, certo? Que eles são totalmente abusivos, é evidente! Mas acontece que, ao proclamarem a gritos raivosos que todos os que shippam estes casais estão apoiando o abuso e opressão feminina só estão deturpando a questão, causando, desta forma, o efeito contrário. Pois confusos, estes fãs passam a acreditar que haja algum problema com eles por atraírem-se por cenas de repressão, e assim, começam a enxergar-se desta forma. O que ocorre então, é que em busca da aceitação de seu comportamento involuntário, rompem em uma inconsciente banalização de coisas antes inaceitáveis para eles.

Porém, se mostrarmos que as verdadeiras razões por trás deste encantamento estão nas coisas mais simples, boas, desejáveis e intrínsecas a alma humana possíveis verão que, afinal, não há nada de tão horroroso assim. Pode ser até que perca um pouco da graça haha.

Sendo assim, sintam-se livres para shippar, fazer aqueles clipes bregas com músicas melosas e postar seus gifs no Tumblr. Pois, no fim, a vida sempre se tratou disso. Encontrar o bom em meio a maldade que nos é apresentada. E porque não? Ensinar vilões e malucos a amar também?



OBS: devo dar as referências é claro, ao ótimo artigo do site “The Kenpire”, que me ajudou muito na minha pesquisa.



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