Vocês já leram uma história que parecia bem escrita e na qual o autor até demonstrava certo talento, mas ela não conseguiu te agradar? Seus acontecimentos simplesmente não surtiam qualquer emoção, os personagens falavam, mas era como se conversassem sozinhos, nada era interessante, nada realmente importava, e o tédio era tão excruciantemente massacrante que fez o diário da Madre Teresa parecer excitante? Pois é...

Porcelana começa prometendo uma narrativa forte, a da eterna rivalidade das duas irmãs, Beatriz e Guiomar. Rivalidade que será levada ao limite, quando Beatriz apaixona-se por Leonardo, pretendendo da irmã! Ui, o que será que irá acontecer, hein?... 

E é aí que o desastre se inicia!

Acontece que, Guiomar não ama a Leonardo. E sim, Henrique, um belo cavalheiro que conhece um dia; eles se apaixonam e prometem se casar, deixando o caminho livre para Beatriz. E é quando o leitor para e pensa: “Tá... mas e agora?”. Assim, a trama cria um bom conflito, porém, mais que prontamente, o destrói diante da plateia, deixando um vazio narrativo que precisa ser rapidamente concertado, caso contrário, o que restará é apenas a fitinha vermelha para encerrar essa bela peça de NADA!
O que a autora faz então? Manda matar Leonardo! Tudo para que Beatriz case com outro, seu melhor amigo. Passam-se anos, tudo está bem, ela e Guiomar estão casadas e felizes, e o leitor está se perguntando o que raios irá acontecer nesta história, quando, Tã dã dã dã... Leonardo reaparece! Algum de vocês poderia prever isso?? Bom, no meu caso, o tédio era tanto que, eu não apenas previa, como rezava para que alguma coisa acontecesse nessa trama!

E é claro que Beatriz reavive sua paixão avassaladora por Leonardo, quando acaba traindo seu marido com ele uma noite! Mas quando pensamos que isso levará a algum conflito, nossas expectativas se frustam novamente, quando Beatriz se separa do marido, o mesmo perdoa o amigo, e o casal nunca mais se encontra após isso!
O problema é que Leonardo jamais, em nenhum momento, criou qualquer laço romântico com Beatriz, tornando inexplicável seu envolvimento com ela e uma clara prova de que a autora só formou isso para criar uma situação que, no fim acaba sem propósito!

O que nos leva à problemática decisiva desta trama: a de que, em nenhum momento, qualquer relação verdadeira é criada! Isso porque, os sentimentos e motivações dos envolvidos nesta obra, nunca chegam a ser claros para o leitor, pois suas características psicológicas são tão núbias e divergentes que torna impossível traçar qualquer linha de personalidade neles!