Oláá, meus weblovers, como vão vocês? Pleno domingão, enquanto a maioria prefere estar num churrasco postando
#ficaemcasa no instagram, eu prefiro estar aqui, te perturbando... 🎵 Sim, meus caros, isso é o quanto amo estar com
vocês!
Quero agradecer de coração todas as sugestões e os elogios e saibam que se não fosse por isso esta
coluna nem existiria para começar, e os haters, of course, com seu ódio e hipocrisia que fazem
estes artigos bombarem cada vez mais! Mas, sem mais delongas, vamos a web de hoje?
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Autor(a): Everton Brito Ano: 2020 |
E
eu sinto ao quebrar o clima alegre, mas acontece que Felipe, nosso
protagonista, não está passando por um momento divertido em sua vida, bem pelo contrário, quando, ao
iniciarmos, o encontramos a escrever uma carta de despedida, no dia que seria o
seu último
na terra. Mas julgando pelo título você pode imaginar que ele não fará isso, ou que ao menos algo irá acontecer para convencê-lo do contrário, e é aí que entra Ruan, um menino
em estado terminal de câncer que oferece sua amizade e pretende mostrar a ele razões para continuar aqui.
Sim,
a ideia central é realmente interessante, ao juntar um personagem que não quer viver a um cujo o
tempo de vida lhe foi tirado, o que gera um enorme potencial dramático, e com certeza
transformaria esta história em um trama emocionante e chamativa, não fossem os terríveis erros que ela
cometeu!
Vejamos,
temos um protagonista prestes a se suicidar, certo? A primeira coisa que nos
passa a cabeça,
então,
seriam os motivos. E aí é que está, todos eles nos são contados rapidamente em um pequeno
diálogo no inicio, em que
Felipe fala sobre a não aceituação de sua sexualidade por parte dos pais e do bullying que
sofre na escola. É claro que isso é triste, mas algo a se compreender em
literatura é que,
para que o leitor sinta por um personagem, não importa o tamanho ou a seriedade do
problema, mas o quanto isso importa para ele.
Por
exemplo, sabemos que os pais de Felipe não o aceitam, porém, em nenhum momento nos é mostrado qualquer interação dele com os dois, na
verdade, os dois quase não aparecem na história, dessa forma, a audiência nunca é exposta à uma situação em que possa sentir o
que o mocinho sente em relação aos pais e se colocar no lugar dele. Sabe quando uma pessoa
lhe descreve uma dor? Embora você saiba aonde está doendo e a mesma lhe diga como
está se
sentindo, a não ser
que você passe
por essa dor um dia, nunca conseguirá sentir o que ela sente. Dessa mesma forma,
acontece com este protagonista.
E
nisso, se encontra a maior falha do enredo também, pois girando em torno do drama do
personagem principal, era absolutamente necessário que o leitor torcesse para ele
sair daquela situação. O que piora, quando somos expostos ás cenas em que Felipe é agredido no colégio, uma clara tentativa
de fazer a vida do mocinho mais dramática, efeito que sai pelo
reverso, no entanto, pela postura do protagonista: ele nada faz para
defender-se, nem sequer contar ao diretor, mas age como se não tivesse saída, o que no fim, só torna o drama central
ainda mais superficial perante o público que não leva a sério o sofrimento do
mocinho.
É a
razão do
porque, na cena em que Felipe vai ao topo do prédio para matar-se, não há a sensação de suspense, ou emoção nenhuma pelo mesmo, também no encontro com Ruan, o
qual lhe promete provar que a vida vale a pena, não há a vontade de vê-lo mudar de ideia.
Mas
temos que continuar a narrativa; e a trama até tenta apostar no romance entre os
dois, que tinham sim uma boa química, o problema foi a personalidade do mocinho que, de
repente, após uma
ida ao parque e alguns gritos em cima de uma montanha, desiste de sua intenção e até mesmo esquece-se completamente
da sua tristeza.
Sim,
meus caros, simplesmente o tema cental do enredo é jogado fora igual chiclete mascado, não sendo mais relevante
para o andamento das situações e acabando com o elo que ligava os mocinhos, levando depois
á
um série de acontecimentos
aleatórios
que nada adicionam ao todo.
O
enredo em si não
sabe onde focar, iniciando com o suicidio, depois o descartando sem mais nem
menos, para propôr em seguida um romance que não leva á nada, e então saltar 5 anos na história direcionando-se para o
conflito entre Felipe e Jota, seu ex-agressor.
E
aí
é que está, anteriormente a
narrativa tinha tido uma boa cena ao revelar o pai de jota, como o abusador de Felipe,
o que adicionaria no encontro dos dois, anos mais tarde. Destaque para o diálogo de Jota, no qual descreve
a situação em
que se encontra e seu envolvimento com drogas, realmente comovente e sensível. Mas a trama nunca
cria a rivalidade entre os dois, de fato, após felipe conhecer Ruan, ele não só esquece de sua depressão, como de Jota, nunca
mais pensando no mesmo.
Não há portanto, qualquer
possibilidade da audiência engolir o grande conflito que a trama quer impôr no final, colocando
Felipe sentindo um ódio vingativo pelo outro, principalmente após saber quão disfuncional era sua família e o sofrimento que
estava enfrentando.
Levando
tudo isso em conta então, podemos concluir que a grande falha de "Motivos para
continuar vivendo" é ter amado o drama. O autor claramente estava tão excitado pela emoção que queria transmitir,
pelos números
musicais e pelas frases de reflexão que, esqueceu de criar uma trama em
que tudo isso parecesse justificável, ou seja, em busca do efeito,
esqueceu-se da causa, o que transformou os personagens, os seus conflitos e a
história
em si, que tinha um grande potencial, em apenas uma desculpa para um show de
melodrama vazio.
E
não há melhor representação deste vazio do que seu próprio protagonista que, no
fim, não necessitava
de motivos nenhum, apenas um pouco de ar fresco.
Então é isso pe-pe-ssoal. Agradeço as sugestões e espero vocês para a próxima! Beijoos e bye bye!



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Notas
1. Essa coluna está protegida pela lei nº 9.610/1998, Art. 46 III, que protege a utilização de qualquer obra ou trechos dela, em qualquer mídia ou meio de comunicação para fins de crítica, estudo, ou polêmica.
2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.
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