Autor(a): Tales D. Ano: 2020

Giselle uma vez já foi famosa, mas hoje está em decadência e luta para conseguir voltar ao topo, apesar de sofrer nas mãos do padrasto e empresário, Laerte; Do outro lado, Camila, uma moça pobre sonha em ser artista um dia, e mal pode imaginar que Laerte, o mesmo homem que realizará seu sonho, é também seu desconhecido pai. Mas quando pensamos que este é o único laço que unirá estas duas, eis que Gisele rouba a música que Camila compõe, iniciando um conflito, e transformando as duas desconhecidas em grandes rivais! 

A obra começa então com um conflito inesperado que une as duas tramas de maneira bastante inteligente, colocando as duas personagens em disputa, ao mesmo tempo que mostrando ao leitor as motivações de cada uma delas. Entendemos a vontade de Gisele de ressurgir assim como a de Camila de ser famosa, criando um drama realmente interessante que girará em torno da rivalidade e do desenvolvimento das duas protagonistas, culminando em um desfecho trágico para uma delas ou uma reconciliação surpreendente. Ou seja, uma novela da porra!

Porém, podem colocar o barulho da freada, caros leitores, porque isso simplesmente nunca acontece! Bem, mas então o que acontece, vocês perguntam. Acontece o primeiro de uma série de erros nesta trama.

Lembram do grande conflito iniciado, que prometia uma longa jornada de rivalidade? Pois é, ele acaba mais que abruptamente, quando Camila processa Gisele e consegue sua música de volta, sim, sem choro, sequer deu pra acender uma velinha, Camila vence a rival. Ela consegue o tão sonhado sucesso e Gisele, envergonhada, viaja ao exterior. De repente, a novela perde a promessa do conflito, deixando o enredo sem direção; Camila segue com sua carreira e sua mãe que iria contar sobre o assassinato que Laerte comete, entra em coma, junto com a web, é claro, que mais parece Big brother em quarta-feira de tão sem assunto. 

Mas eis que Gisele retorna, e então pensamos: "ela irá voltar para conquistar seu lugar, e então começará o verdadeiro conflito central, finalmente!". Será que a longa espera e a passagem de tempo, que não serviu para nada além de aumentar o número de capítulos, terá valido a pena? E eis que sem explicação nenhuma, Gisele de repente muda sua personalidade, voltando mais pacificada que o dalai lama; ela está disposta a esquercer-se de todos os conflitos, na verdade, ela deseja até mesmo ser amiga de Camila! Pelo visto, o único que queria conflitos aqui era o enredo!

Apartir daí, sofremos com mais e mais capítulos sem qualquer história, quando Olinda acorda e Camila finalmente sabe sobre seu verdadeiro pai e o que ele fez. Todos se unem e o colocam na cadeia e a obra acaba, tão abruptamente que eu demorei para acreditar que era o fim.

Ou seja, ao analisarmos, nada realmente aconteceu. Nenhum dos personagens venceu conflitos ou progrediu nessa história. Gisele passa de vilã mimada e sem escrúpulos á apática sem importância; em nenhum momento conseguimos nos conectar com Camila, pois ela alcança seu sonho logo no começo e não resta a ela mais nada a fazer nesta narrativa; Todos os outros personagens não oferecem conflitos a serem vencidos: Kaio e Tarcísio que prometiam um drama de confusão sexual entregam um romance água com açucar em nada relevante.

Ao fim, tudo o que estes personagens fazem é reagir ás maldades de Laerte, este sim, o único que faz algo de fato nesta trama. Posso excetuar Ana, neste caso, por ser a única com algum tipo de desenvolvimento aqui e que teve sua porção de carisma pelos sofrimentos com o marido opressor.

Os diálogos são acertivos na maior parte do tempo, principalmente nas discussões de Gisele; uma personagem, aliás que fora sim bem construída mas muito mal aproveitada, algo de que são vítimas todos os outros. As subtramas também se entrelaçam bem, embora muitas tenham terminado sem conclusão, como a de Marisa, por exemplo. 

Alguns podem afirmar que talvez a trama não se tratasse de um embate entre as duas divas, ao que digo que se não se tratava disto, não se trataria de mais nada; o segredo de Olinda não apresentou qualquer importância, assim como as maldades de Laerte, dessa forma a única coisa de verdadeiro valor que havia nesta história estava aí. Assim, pode até ser que o escritor não tenha errado a rota, mas não se colocará em melhor posição.

Pois não sei o que é pior, errar por não ter acertado ou por acreditar que o erro era o acerto.