ADOROWEB - NO MORRO: QUE COR É A TUA CALCINHA? (+18)

         

Meus weblovers, tudo bem com vocês? E o natal está chegando; é, só não chegou o meu presente né, mas deve ser difícil carregar um milhão no trenó, não é papai noel? Mas, pelo lado bom, um trenó mágico não precisa de gasolina! Desde já então, quero desejar um ótimo natal e ano novo para vocês meus leitores! E vamos embora pra crítica?

Há um tempo atrás, escrevi um artigo intitulado, "O problema dos contos HOT", no qual procurei explicar o que está acontecendo com as obras virtuais atualmente que estão fazendo do sexo o tema principal e único de suas tramas, transformando-se, ao final, em apenas um monte de vazios filme pornôs. Acontece que, creio ter encontrado, na história de hoje, o mais perfeito exemplo disso! Bem, acho que até mesmo chamar isto de história já é um exagero!

Autor(a): vullgo_thay
Ano: 2019

Milena chega de sua viagem para visitar o Brasil. Namorando há anos com um rapaz que não ama, ela decide enfim terminar, quando, por engano, ela recebe uma ligação, que mudará para sempre sua vida, de ninguém mais ninguém menos que coringa, o chefe de um morro na favela! Sim, na falta do empresário multimilionário ou o chefe da mafia, temos o dono da boca! Mais um perfil de namorado dos sonhos para as mulheres adicionarem á lista!

E você pode imaginar que ele ligou da cadeia para aplicar um golpe, (meu registro de chamada que o diga!), mas, nesse caso, só se for no coração da mocinha que logo se apaixona pelo distinto rapaz. E eu não culpo, afinal, como evitar, ao escutar isto pela primeira vez?

- Desliga essa porra não mina, eu gostei da tua voz. Faz visita íntima? Eu pago bem, qual a cor da tua calcinha?

Nada como ser chamada de prostituta para aguçar os melhores sentimentos em uma mulher!
 
E vocês podem agora estar se perguntando: quem, em sã consciência se apaixonaria por um bandido que poderia muito bem estar na prisão por ser um assassino ou estuprador? Pois é, mas aí é que está: não sabemos nada de Milena, porque nenhum dos personagens nesta obra tem qualquer personalidade! A protagonista começa com o perfil de uma mulher independente, que vive para o trabalho e é moldada pela mãe, mas tão somente ela começa a namorar o coringa, vulgo "dono da coca-cola", que toda essa construção desaparece completamente! De repente, ela vira uma boba adolescente, recatada e do lar, cujo a única preocupação é agradar o maridinho "colírio do tráfico"; ela não possui objetivos ou desejos e o trabalho dela nunca mais é mencionado.

E todos os outros igualmente não demonstram uma linha de construção definida; Temos Bruna que, carrega um certo trauma de relacionamentos e Coringa com sua história triste na infância, no entanto, nada disso é bem explorado ou desenvolvido, tornando todos personas rasas e desinteressantes.

Mas nada se compara ao total desastre que é este enredo; pra começar, o simples fato de que não há enredo; em nenhum momento, vemos a formação de algo sequer parecido com um tema central. A trama une o casal a força, coincidentemente fazendo com que Milena vá a uma festa exatamente na favela que Coringa é dono, após, a história inventa a desculpa de que Bruna, melhor amiga, está sendo perseguida por um bandido e que por isso, ela tem que ficar no morro, em outras palavras, para ficar longe de um bandido, ela teria que ir morar mais perto dele. E Milena, por alguma explicação cósmica, tem que ir junto. Tudo isso para que os dois protagonistas tivessem que ficar mais tempo juntos, sem necessariamente estarem juntos, aumentando a espera do leitor. Brigas por ciúmes aqui e ali e juntamos enfim o casal que já estava junto desde o começa da obra. 

E é basicamente isso. Sério, é SÓ ISSO! Não há conflitos, e os que existem são resolvidos mais que rapidamente. Toda a ação, que poderia provir da guerra dentro da favela, o drama com a filha do coringa, o sequestro de Bruna é entrecortado na narrativa, como simples pano de fundo, mais para pano de chão, no qual os personagens pisam sem perceberem; sem contar nas tramas  deixadas sem qualquer resolução, como o caso da ex-mulher de coringa, vulgo "garoto propaganda do pó royal", ou da mãe de milena, que some da trama sem explicações.

Não há nada! Mas então Érika, o que preencheu os mais de 60 capítulos? Exatamente o ponto que queria chegar, para provar o que expliquei no artigo sobre as novelas HOT: tudo aqui não passa de uma desculpa para as cenas de sexo. 

Não temos dramas, os personagens não possuem desevolvimento, ao invés, tudo gira em torno do "romance" de Milena e Coringa. Mas o amor é baseado em características em comum e construções feitas em cima da personalidade dos envolvidos, no entanto, quando temos personagens sem qualquer traço de personalidade, no que irá se basear a paixão deles? Isso aí! Em todos os encontros dos dois é clara a insistência da atração sexual para explicar o casal, e assim, o encontro sexual passa a ser a única forma com que os dois se conectam, fazendo com que toda a trama seja apenas uma eterna antecipação para a próxima "trepada" dos dois, com os detalhes mais esdrúxulos e claros como a luz do dia!

E não vou negar o sucesso, os 5 milhões na plataforma que o digam! Mas também devo lembrar dos milhões de acessos que  recebem "Pornhub", "Redtube", entre outros. Como eles, o sucesso é inevitável, mas o esquecimento também, pois, como todo vício em pornô, é preciso renovar o conteúdo, sempre mais explícito, mais visual, mais direto ao ponto, e o ponto, sendo o sexo, não deixa mesmo espaço para qualquer história.

Ao fim, mais uma novela Hot, na qual o HOT, é escrito em letra maior que o próprio título e a apelação barata mais uma vez ultrapassa o desejo por uma boa história.


Mais uma vez, desejo um feliz natal e um novo ano maravilhoso para vocês, meus weblvovers! E seguimos juntos e sempre. Até a próxima, beijoo e bye bye! 



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Notas 

1. Essa coluna está protegida pela lei nº 9.610/1998, Art. 46 III, que protege a utilização de qualquer obra ou trechos dela, em qualquer mídia ou meio de comunicação para fins de crítica, estudo, ou polêmica.
2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.

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