“O coletivo”, anunciam constantemente os alto falantes, as telas, as mídias, para a multidão de corpos anestesiados que acordam todos os dias para cumprir suas funções e voltar para casa, na qual terão comida e jogos para os entreter. Não existem relacionamentos entre os indivíduos, o amor foi banido, pois os sentimentos são considerados antiquados, e seu valor como pessoa é quantitado conforme sua atuação útil como membro dessa sociedade. Esse é o cenário apresentado no filme “Equals” de 2015, estrelado por Kristen Stewart e Nicholas hoult. Mas não é difícil identificar um paralelo com a nossa própria realidade.
![]() |
Título: Equals (Quando te conheci) Ano:2015 |
Silas, o protagonista desta trama assiste ao primeiro suicídio. Para aquela sociedade em que as emoções foram banidas, aquilo representava somente mais uma baixa, para Silas, todavia, isso tem um efeito transformador. De repente, o olhar, sempre voltado para fora, acostumado a pensar em si mesmo como um todo, olha para si. Primeiro vem o gosto da comida, o tato da própria pele, a luz do sol. E nesse contato consigo é que os questionamentos iniciam: Porque eu sou o que sou; Porque eu sou e os outros não são também? Porque tudo é como é? E neste processo, quando ele percebe que os outros não veem o que ele vê, ele começa a individualizar-se pela primeira vez.
Esta é razão para a qual o coletivo sempre tentará banir a individualização, pois para o movimento social toda individualização é antagônica, afinal, para que qualquer objetivo seja alcançado é necessário que todos andem na mesma direção e ajam sobre os mesmos princípios, qualquer coisa que saia disso é uma ameaça ao sucesso do grupo. E isto é verdade em todo os processo coletivo; como uma empresa, por exemplo, em que, embora tenhamos pessoas de todos os tipos, crenças e ideias, durante as horas trabalhadas tudo isso é descartado em prol do objetivo em comum; Em religiões e do menor grupo até o partido mais dominante.
Portanto, todo projeto de caráter mundial ou sociedade planejada, mesmo que de forma sútil ou manifesta, sempre agirá contra o indivíduo. E a maneira pela qual ela faz isso é isolando seus componentes.
Notas
1. Essa coluna está protegida pela lei nº 9.610/1998, Art. 46 III, que protege a utilização de qualquer obra ou trechos dela, em qualquer mídia ou meio de comunicação para fins de crítica, estudo, ou polêmica.
2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.
0 comentários