ADOROWEB - BARRACA DO BEIJO: AFINAL, É BOM OU NÃO?



Helloo weblovers, como estão vocês? Bem, da última vez que chequei, estávamos nos traumatizando com as cenas absurdas de “Através de minha janela”, mas, espero que estejam todos bem, porque hoje iremos analisar mais um romance teen do catálogo da Netflix. Sim, já vai separando o diazepan. E não se trata de qualquer romance, mas de um dos seus maiores sucessos.

Não é segredo para ninguém o massivo hit que é esta história, escrita por Beth Reeckles na plataforma whatpadd, que alcançou nada mais nada menos que 19 milhões de views. A obra atingiu diversos países e também a atenção de editoras, tornando a escritora de 17 anos em uma jovem rica. Não bastasse isso, a trama ganhou uma versão cinematográfica, transformando-se em uma trilogia de enorme êxito, a qual foi considerada um dos filmes mais assistidos dos Estados Unidos, e talvez, do mundo! Como diria a TV brasileira, “SUUUCESSO!”.

No entanto, nem somente de realizações vive essa franquia; Muitos críticos e influenciadores afirmam que, na verdade se trata de uma das piores comédias românticas já feitas, ui, com personagens e história fraca e conteúdo extremamente tóxico. Bom, eis que o ADOROWEB resolveu entrar nesta discussão e está aqui para dar o seu veredicto: Afinal, é bom, ou não?

Elle é a melhor amiga de Lee, com o qual compartilha um intenso laço de amizade desde a infância, mas também, uma grande paixão platônica pelo irmão mais velho dele, Noah. Quando ela desconfia que possa estar sendo correspondida, esse sentimento virá a tona e colocará em risco a amizade que tanto preza. Bom, aqui já podemos ver o ponto central proposto pela obra, certo: O conflito de Elle entre o afeto de seu amigo ou o amor de seu irmão. Emocionante, não é? Esse promete, então, ser o motor para mover o enredo e conquistar o leitor para que torça pela nossa mocinha em apuros!

Bora lá?

Ah, Pera aí...

Isso nunca acontece!

Comecemos por Elle; Desde o início, fica explícito que Lee tem conhecimento de seu crush por Noah, ele até chega a brincar com isso várias vezes e insinuar o romance entre os dois; ele defende o irmão diante da amiga pelo seu comportamento super protetor e o máximo de oposição que entrega à ideia do relacionamento é de que “Seria esquisito”. Quando Elle começa a namorar Noah, no entanto, ela simplesmente assume que isso seria uma ofensa enorme para Lee e que ele nunca a perdoaria, e mantém tudo em segredo, sem qualquer sustentação do porque disso, pois o mesmo nunca deixou claro seus motivos para não aprovar o namoro. Dessa forma, o leitor não consegue levar a sério o sofrimento da personagem quando ela entre em conflito por mentir, porque tudo isso poderia ser resolvido se ela contasse!

O que nos leva também a não entender a reação histérica e raivosa que Lee tem quando descobre tudo. A cena tem toda a atuação digna de Maria do bairro, com o olhar indignado do amigo traído, direito a soco no irmão e corrida pela escada, mas nada do sentimento, afinal, nunca entendemos porque Lee tem essa reação; Como se o irmão, só por sair com muitas meninas estivesse abusando de Elle de alguma forma.

E a prova de que todo esse conflito foi extremamente exacerbado pela autora é a maneira como ele é resolvido, mais rápido que apagar nude errado. Peraí, quer dizer que todo o problema pelo o qual a trama girou esse tempo todo, termina de repente, com um só telefonema? O que sobra então, meus caros, são capítulos inteiros de fofurice romântica irrelevante e repetitiva em que Elle fala sobre o “sorriso torto” de Noah pela milésima vez agora...

E isso porque nem falamos do próprio relacionamento, que jamais, nunca, uma só vez, chega a ser convincente. Pela razão de que Noah conhece Elle desde sempre, mas nunca chegou a mostrar interesse, o que aconteceu então para que do nada ele estivesse totalmente apaixonado? Bem, em nenhum momento a obra nos fala, ou ao menos nos dá dicas de como Elle realizou essa macumba, pois deixa eu dizer, esse seria o único capítulo que eu estaria interessada!

Portanto, o grande problema desta narrativa é tentar criar o drama sem dar a ele sustentação. Ou seja, temos as lágrimas, as frases de efeito, mas tudo soa exagerado demais para o que os personagens estão passando, razão da qual o leitor não consegue se envolver de verdade nesta história, que mais parece uma série da disney channel de tão teatral. O comportamento desses jovens é tão alegre e irrealisticamente positivo o tempo todo que mais parece lazy Town para adolescentes. O que foi mais uma grande problemática desses personagens, eles não possuem traços de personalidade que os definam como indivíduos, parecendo esteriótipos: o melhor amigo, a nerd amiga de meninos, o bad boy, e assim vai... Os diálogos igualmente não se encaixam na idade deles; meninos de 17 anos falando coisas como “Adequado”, “Lhe disse”, soa irrealista demais.

"Mas, então”, você pode estar se perguntando, “o que justifica esse sucesso tremendo?”. Bom, a história tem sim seu charme, por saber ser uma narrativa adolescente que, embora não nos leve a lugar algum, pois não temos qualquer desenvolvimento de personagem ou trajetória a ser alcançada, sabe entreter com situações engraçadas, românticas e fofas. A autora soube explorar muito bem a amizade de Elle e Lee, o único ponto forte na trama e fazê-los convincentes; alguns trechos de ambientação são muito bem feitos e dá pra ver a tentativa de criar personagens autênticos, sem falar que não machuca ser a velha desculpa para uma garota sonhar em conquistar o vizinho gostosão, não é mesmo?

Ao fim, nem o pior desastre já feito, nem uma boa história, mas sim, o esperado de uma Beth Reeckles de 15 anos. Para o público alvo, um prato cheio, para leitores mais exigentes, nem tanto. Preocupante mesmo é ocupar-se demais pensando nisso. 

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Notas 

1. Essa coluna está protegida pela lei nº 9.610/1998, Art. 46 III, que protege a utilização de qualquer obra ou trechos dela, em qualquer mídia ou meio de comunicação para fins de crítica, estudo, ou polêmica.
2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.

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