No entanto, todos os atos dos personagens nesta narrativa passam como meros frutos do acaso, e desta forma, eles não conseguem o carisma diante da audiência. Devemos excetuar, Darda que possuia motivos e objetivos conhecidos, e não é atoa que ela é a melhor personagem da história.
Mas se já não bastassem personagens sem objetivos ou sentido, temos também um enredo sem impedimentos. Toda a estrutura de Débora é baseada na personagem que deve provar a todos que pode ser juiza e liderar israel. Porém, nada e, eu repito, NADA age como um empecilho para isso!
Vejamos, logo que Débora nasce, ela encontra seu primeiro inimigo, seu pai que, tenta se livrar dela e depois a separa do seu grande amor. Até aí tudo bem, acontece que, logo, a trama redime o pai, que passa a não ser mais um problema em sua vida. O casamento é desfeito sem obstáculos maiores, e ela vive em uma paz maior que o Lula no seu sítio até ser chamada por Deus para libertar seu povo.
Mas quando pensamos que começarão seus grandes desafios, Débora ganha o apoio de todos os anciões, e o povo não oferece sequer resistência. Ela mata todos os inimigos sem esforço e depois apenas espera para terminar seu ato heroico com a derrocada de Sisera.
É claro ver que não houve um impedimento real, somente a execução, um após o outro de tudo o que a protagonista tinha sido chamada a fazer. "Mas Érika, trata-se de uma vontade de Deus", mas o problema não está em que os acontecimentos sejam regidos por força divina, a narrativa de Ruth, obra anterior do escritor, também cumpria uma promessa, porém, ela escolheu por ter elementos que impedissem a realização dos planos dos individuos, o que dava a adrenalina e o senso de suspense. Já ler este enredo foi mesmo como assistir um tutorial no youtube: "como conquistar a liberdade de Israel em 13 passos" ou algo assim.
As tramas, apesar de desnecessárias ao menos, tiveram uma boa conexão com a trama central, diferentemente de Ruth, e dá para se notar a tentativa de dar a todos os personagens sentimentos e problemas próprios, como também, a criação de uma trama para o vilão, não inserindo-o apenas como um antagonista qualquer, mas tentando dar-lhe peso e personalidade. A contextualização histórica também está anos luz melhor do que a uĺtima história, bem mas fluida e natural.
Devo ressaltar o trecho da morte de Sísera em que a narração foi bem precisa em descrever de forma até brutal o ato de Jael e a ambientação da grande batalha que deram um toque épico ao quadro.
Protagonista apática, personagens fracos e enredo sem impedimento, eis os 3 grandes erros desta web. Defeitos que sim, conseguiram tirar o grande potencial desta história, e talvez, ela passa despercebida, mas não quer dizer que algo dela não ficou, de fato, a grande vontade e o esforço do autor falam em todos os seus capítulos. Um autor que tem muito a aprender mas muito a dar igualmente.
Meu desejo então é que continue se aprimorando, e não desista, apesar dos obstáculos. Quem dera a vida de um escritor fosse como o enredo de Débora, mas como a própria historia ensina, são os erros e impedimentos que dão sabor a vida e a transformam em uma história que vale a pena ser contada.

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Notas DIGG TV
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2. Este quadro não tem como intuito rebaixar ou menosprezar qualquer autor ou obra, mas sim, de abrir um diálogo em prol da qualidade literária.
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